* Victor Nogueira
Vai o Verão a meio, embora seja mais acertado dizer-se .... foi-se. Estão frios os dias, demasiado fresca a brisa, gélido o conchego das noites, por vezes neblinado e tristonhos os dias duma soalheira que não aquece. Parece-me que vai chover, pelo menos os meus sentidos têm essa "percepção". Um dia destes, no negrume da noite, para Norte e para lá da vidraça relâmpagos riscavam o horizonte, mas demasiado longe para se ouvir a trovoada.
E já que estamos com a mão na massa por causa das frialdades, não sei porque artes mágicas cerca de 400 páginas do ficheiro "Pingos do Mindelo" sumiram-se quando intercalava um texto sobre arco-íris, tudo substituído por um outro. Tentei em vão recuperar o que havia sumido. Resigno-me e lá terei que editá-lo de novo, de fio a pavio. Uma seca!
Já não é a 1ª vez que isto me cede. Em tempos consegui recuperar nos "temporários" um que desaparecera, mas desta feita, nada feito. Quando me iniciei nestas lides informáticas, no tempo em que o Windows dava os primeiros passos e a primazia era o MS DOS, com comandos extensíssimos escritos na pantalha esverdeada com auxílio do manual ao alcance da vista, no Planeamento Urbanístico estava a carregar uma volumosa base de dados, com recurso ao dBsae III, trabalho que me ocupava o tempo já há mais de um mês, quando de repente sumiu-se tudo. No Urbanismo apenas eu e um engenheiro civil utilizávamos o único computador, com cópias em disquetes. O reso do pessoal fugia dos computadores como o diabo da cruz. Na altura era considerado um perito, apesar dos meus incipientes e parcos conhecimentos, mas em terra de cegos quem tem um olho é rei. O colega engenheiro informático nesse dia estava ausente do serviço, pelo que a única coisa a fazer era deixar de introduzir dados para evitar que outros fossem apagados. Pus um papel no monitor dizendo que ninguém devia mexer no pc até o Rui voltar. Chateadíssimo fui para casa. Em casa lembrei-me que o dBase automaticamente criava uma cópia de segurança, com o mesmo nome mais outra extensão, pelo que ao voltar ao serviço no dia seguinte serviço fui em busca dela e pronto o trabalho estava salvo e pude recuperá-lo integralmente.
Os programas do MS Office fazem também cópias de segurança, mas como esgotei o espaço em núvem, as cópias de segurança não são feitas, pelo que finalmente terei de me dar ao trabalhoso trabalho de esvaziar parcialmente a núvem, para que não volte a dar com os burrinhos na água!
E como estamos em maré de frialdades, depois de terminadas as leituras referidas nos transactos "pingos", comecei a ler de José Gomes Ferreira o "Tempo Escandinava", que erradamente supunha ser um livro de viagens ou de memórias de viajante. Engano meu. Trata-se duma série de contos passados na Noruega, onde foi cônsul de Portugal, nos anos 20 do passado milénio. Dele conhecia apenas a poesia e o romance infantil "Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo"
Este tempo escandinavo é mais leve e menos complicado na estrutura narrativa do que "Rio Triste" e "A Casa do Diabo", respectivamente de Fernando Namora e Mafalda Ivo Cruz Mas, da Norega, o que escorre desse tempo escandinavo de José Gomes Ferreira não é hidromel mas sim fel, o fel dum português estranho nos fiordes e nas paisagens cheias de neve, com um retrato ácido e acerbo sobre os autóctones, designadamente os que integravam a camada social em que o então jovem escritor e cônsul se movia, estranho em terra e costumes alheios.
As duas imagens anteriores são de "Tempo Escandinavo" e de "A Casa do Diabo". Para que aquele, na colecção "Escritores Portugueses actuais", da Planeta D'Agostini, atingisse o volume e o número de páginas das restantes obras o editor usou caracteres maiores, o que tornou a "mancha" menos densa, mais leve e mais agradável ao olhar, tornando mais escorreita a leitura.
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