* Victor Nogueira
Dois Rimance da Biblioteca Municipal
RIMANCE DA BIBLIOTECA MUNICIPAL
Uma história vou contar
Bem no meio da tradição
Do Marapeto a desenhar
Com raspadeira na mão.
Se não há bem que sempre dure,
Nem há mal que se não acabe,
P'ra que a produção perdure
É preciso cantar: milagre!
A Marinela bem aperta
Com uma ideia na razão
A ver se o Manel desperta
Mas não há bela sem senão.
Devagarinho, com remanso
Aquela porta desenhada
Dia após dia, sem descanso
P'ro estirador não ser maçada!
Há quem seja fã da águia
(E dos leões outros serão)
Então onde buscar a lábia
Para não ir na confusão!?
Pois quem risca é desenhador,
Projectando, é projectista,
Por onde está o valor
De quem trabalha ser artista?
1990.Abril.04/06 - Setúbal
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CRONICA DA MUI BELA E NOBRE BIBLIOTECA MUNICIPAL,
EM VERSO HEROICAMENTE CELEBRADO COM INTERVENÇAO
DE ALGUMAS E ALGUNS ILUSTRES PERSONAGENS, COMO SE
VERÁ
Pois a Biblioteca Municipal
Tem um projecto muito controverso,
Alguma coisa lá corre bem mal
Merecendo uma cantiga em verso
E1a tinha uma bibliotecária
De seu nome Idília das Mercês:
Mandaram-na p’ra cima do telhal,
Ora adivinhem quem foi o maltês.
Vai daí o juiz do Tribunal
Mandou rectificar a prepotência,
Mas o pretenso dono do pombal
Não quis, fiquemo-nos pela evidência.
Emalaram os livros e os peixes
Ficou a biblioteca de emergência
E tem calma, oh! leitor, não te queixes
Se na procissão não houver urgência.
P’ra renovação do nobre edifício
Juntaram-se três Donas, arquitectas,
Cada uma com seu belo artifício,
Todas com bem encantadores aspectos.
A Noêlia, azeda e bem altinha,
A rapozinha, Lídia, rebiteza,
E, céus, a M. Tomé bonitinha,
Com seu ar calmo, calado, princesa.
O reboco já se foi retirando,
Surgindo o tabique e a estrutura,
Pois o operário lá vai trabalhando
Com o seu engenho e arte dura.
Um arquitecto sem bom ajudante
É como nascer o sol sem luar;
Tudo tem de ser feito de rompante
Pois o povo é chamado a votar.
Mas na Câmara é preciso calma:
Sempre novas ideias, p’ra mudar.
Nisto não há não quem nos leve a palma,
Não vale apertar ou chatear.
.
José Manel é bom desenhador
Estudioso, sabe do ofício.
Mas p’ra Marinela é gran dor
Seja tão calmo, é bem mau suplicio
Calada, com silencioso andar,
Na sala aparece a Marinela,
Séria ou risonha, com mau penar
Se o Marapeto deu escapadela.
Ora dizes tu, ora mando eu!
Melhor ou pior lá se vão mexendo
P’ra que o desenho não seja breu
Nem se gaste mal o tempo, perdendo.
Ele é tamanho riscado e viagem
Que por vezes há grande confusão
Para que não se fique em má tiragem
Com os apertões da vereação.
Ora, os desenhos são mais de mil,
P'ro Picoto lá se vai o sossego;
Emenda, raspedela, que baril,
É bem obra de muito grã carrego.
Há sempre uma coisa p’ra aumentar
Um pormenor, outro levantamento,
Bem sofrem, com arquitecto a puxar
E o desenhador em grande tormento..
Não se fala do Engenheiro Guerra?
Calcula p’ra não haver aguadar;
Com o Pinela, a sapata em terra,
Não vá a construção no chão ficar
Enfim, aqui fica breve resumo
Da novela da nossa BIBLIOTECA
Mas acreditem, sairá bom sumo,
Casa boa, ,mponente, sem marreca.
1989.09.14/15
SETUBAL
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