Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNdomingo, 30 de junho de 2013
Victor Nogueira - Parafraseando Brecht
Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Depois atacaram os operários das grandes empresas
que Mário Soares acusava de serem a Comuna de Lisboa (e Setúbal)
a quem devo os direitos que ainda estão na Constituição de 1976
mas não me importei pois o que interessava era defender o "súcialismo" em liberdade
Em seguida privatizaram a banca e desmantelaram o sector empresarial do estado e os sectores estratégicos da economia
e não me importei pois não sou operário nem bancário e ... coitadinhos dos banqueiros
Depois, abateram a agricultura e a frota pesqueira
mas não me importei porque me abastecia no hipermercado
Depois prenderam os sindicalistas,
mas eu não me incomodei
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
de atacarem os trabalhadores da Administração Pública mas não me importei
apesar de assegurarem as funções sociais do estado na saúde, no ensino, na segurança social, na justiça, na protecção da natureza e do meio ambiente
mas não me importei pk nem sou funcionário público
e devo tratar da minha vidinha, mesmo que miserável,
porque toda a vida houve ricos e pobres
e a caridade vale mais em subserviência que a espinha direita dois que reclamam direitos que não sejam os dos lucros do grande patronato
Agora dizem que as manifestações são ilegais e a greve também
e prendem e espancam os manifestantes
"todos díscolos", como se dizia no tempo do fascismo
Mas isso não me importa, pois sou bem-comportado e temente ao senhor padre e à polícia e aos senhor Presidente
e tenho-me portado sempre bem
..
Agora levam-me a mim, de rastos e de rojo,
e pk me esqueci de que a força reside na união de quem trabalha e produz contra quem nos explora a todos, cada um à vez ...
... só agora percebo o estúpido que tenho sido mas
já será possivelmente tarde.
Ou achas que ainda estarei a tempo de pensar e agir e lutar contra os pastores da manada cuja divisão eles fomentam para facilitar o abate e permitir que tudo seja negócio para os grandes grupos económico-financeiros ?
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