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Vote e justifique no postBlog: Bodega Cultural
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Em resposta ao desafio de Ludovicus, coloquei nos Comentários do «Bodega Cultural* a minha opinião que transcrevo aqui.
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Todas as guerras, mesmo as justas para a libertação, causam mortos, mau cheiro, corpos estralhaçados, sangue, muito sangue, gritos, sustos, choro, traumas e medos para toda a vida. E nós, felizardos, os que não foram à guerra, não sabem o que é o horror da guerra. Dias antes do 15 de Março Salazar teria sido informado pelos States, que apoiavam a UPA, movimento racista e tribalista como a UNITA, que ia haver massacres. Se assim foi, o Governo de Salazar nada fez, para ter um pretexto como aquele que exigiu ao General Vassalo e Silva relativamente à India Portuguesa: vencedores ou mortos, sabendo que vencedores nunca seríamos e apesar de todas as tentativas de Nerhu para uma solução Pacífica.
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As horríveis mutilações de fazendeiros brancos e trabalhadores bailundos, do sul de Angola e doutro povo, serviram para inflamar os ânimos e, para as milícias brancas, o negro bom era o negro morto. Tinha eu 15 anos e isso fez-me mudar a visão das coisas. E mas tarde soube-se, apesar da censura, que semanas antes do 15 de Março, a Força Aérea Portuguesa, ao serviço da COTONANG, havia regado com napalm as sanzalas dos camponeses em greve porque aquela companhia lhes queria impedir as culturas próprias, para forçá-los a entarem para o sistema capitalista por força da imposição da monocultura algodoeira. Milhares de camponeses teriam sido assim queimados vivos, homens, mulheres, novos e velhos.
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Em 1966 vim estudar para Portugal. pois só depois do início da guerra se criaram universidades nas colónias, iguais às de cá, mas não todos os curos. E como o Curso de Economia não existia lá, vim para um país que não era o meu - Portugal. Mas aqui, ainda sabíamos da guerra, dos crimes, das denúncias, claramente na clandestinidade ou lendo para além das linhas permitidas ao Diário de Lisboa, à República e outros, aos documentos do movimento associativo estudantil ... Mas em Angola todos os órgãos de informação eram controlados com mão de ferro, convencendo os brancos, muitos autonomistas mas não sob governos negros, que Portugal venceria e com ele as suas aspirações à independencia estilo Ian Smith, na Rodésia.
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Tenho num dos meus blogs imagens da guerra do Iraque que perturbam as pessoas, tão sensíveis, mas que nunca estiveram em situação de guerra. Uma coisa são as imagens colocadas por prazer necrófilo, outra é vê-las, violentas, mas sem cheiro nem som.
18:53 .
Muito bom Victor Nogueira, apesar de quer, não creio que alguma guerra seja justa."Uma coisa são as imagens colocadas por prazer necrófilo, outra é vê-las, violentas, mas sem cheiro nem som." - Você disse. Eu acrescentaria que para quem tem sensibilidade humana, eles têm cheiro de sangue e o som horrível dos gritos de dor. Abraços.
19:02 .
ANTONIO DELGADO disse...
Excelente postagem [da Bodega Cultural] esta sobre uma questão que é deveras importante: se é legitimo apresentar mortos da guerra do Iraque, incluindo crianças? Por um lado acho que sim porque é a forma de denunciar aquilo que se passa mas por outro cria um sentido necrofilo nas pessoas e a morte é banalisada e espectacularizada sobre aquilo que sobra de um ser vivo. O cadáver torna-se meio de reinvindicações. Este é o lado pelo qual não se devia de mostrar os corpos mortos. Parece-me que viola a intimidade de quem já não tem vida... Um abraço e parabéns pelo tema que muito complexo.antonio
19:23 .
Do absurdo da guerra fala Antunes Ferreira nos seus «contos» em
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Mas tb podem visitar-me em
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para não falar em
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As imagens são mais chocantes que as palavras? Eu não amo a morte, mas sim a VIDA, a HUMANIDADE, A NATUREZA, A PAZ E A IGUALDADE.
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Por cada soldado nazi morto, quantos civis eram fuzilados? Qual a diferença entre Dresden e Guernica, Hiroshima ou Nagasaki. Por cada morto por Estaline na ex URSS (não defendo os crimes) nestes 400 anos em todo o mundo, em nome da Religião Verdadeira e da Civilização dos «selvagens» quantos mortos pela capitalismo foram cometidos pelas várias variantes baseadas no Cristinismo e na Fraternidade? Quantos genocídios?
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Sabiam que Leopoldo imperador da Bélgica tinha uma colónia privativa em África, aquilo que veio a ser o Congo ex-Belga, e que durante a sua propriedade imaginam quantos morreram vitimas do trabalho escravo ou da revolta, para benefício da bolsa de Leopoldo e seus associados? Cinco milhões. Poucos? Nessa altura cinco milhões de mortos representaram em pouco tempo cinquenta por cento da população negra da colónia!
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Sabem o que faziam aos revoltosos? Leiam o Coração das Trevas, de Joseph Conrad. Espetavam as suas cabeças em paus ao longo das estradas, como faziam soldados portugueses que até guardavam como recordação orelhas ou jogavam à bola com as cabeças decapitadas. Por cada morto em 11 de Setembro, quantos mortos já nas guerras preventivas dos EUA e seus países aliados, entre os quais o nosso que despudoradamente ignora a Constituição Portuguesa e a Carta da ONU?
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Um abraço de quem ama a VIDA !
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VM
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(1) Num dos «contos» do Antunes Ferreira chamado «SOMBRA DA GUERRA COLONIAL - Carne Fresca» e colocado na Quinta-feira, Agosto 16, 2007 e transcrito em no meu blog Ao Sabor do Olhar, dos vários comentários baquele, reproduzo o meu:
Victor Nogueira disse...
Viva :-)Era Angolano mas hoje não tenho Pátria. Eu não fiz a guerra colonial, mas sei do absurdo e da alienação do que de humano possa haver em cada um de nós por causa dela. O livro que o Antunes Ferreira vier a publicar, terá o sentido que ele lhe der: o absurdo da guerra, em que os soldados são muitas vezes joguetes de interesses que estão fora do seu alcance, picaresco se for de apresentar as cenas cómicas ou irónicas, estilo In Illo Tempore do Trindade Coelho. Ou ser uma entremeada das duas.
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Parece-me que a tragédia, o absurdo da desumanização, a igualdade entre os homens e o respeito pela causa defendida pelo «adversário» são o fio condutor das suas crónicas. Tragédia e absurdo que aringiu os vários povos em conflito, numa guerra justa ou injusta conforme o modo como a interpretarmos e da visão que adoptarmos.
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Creio que o Henrique tem uma visão humana dos homens em confronto e que é isso que pretende transmitir, sem «trair» ou diabolizar o adversário. Claro que de ambos os lados há anedotas, episódios humorísticos, uns ofensivos, outros não. Será correcto entremear a «tragédia e suavizá-la com o picaresco para aliviar ou descomprimir o mal estar? Esta a minha pergunta. A resposta e a decisão cabem exclusivamente ao meu camarada das letras, ouça ou não o «conselho dos comentadores. Nenhuma guerra é alegre!
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Para ti, Henrique,
um abraço.
VM
12:41 AM
2 comentários:
Olá Victor, bom dia (ou melhor dizendo, boa madrugada)!
Ao inquérito feito pelo Carlinhos da "Bodega Cultural" eu respondi "depende", uma das três palavas possíveis para resposta.
Para os que estão do lado mais fácil da guerra, aquele onde só se sabe dela através das notícias, sejam elas do tipo que forem,(como eu, por exemplo. como tantos milhões, felizmente) é fácil fugir ao que incomóda; basta voltar a cara ou desligar o botão da Tv. ou não comprar jornal.Em muitos casos, como cheguei a ouvir e infelizmene ainda se ouve embora mais raramente, não é cá!!!não é connosco!!!
E por mais chocantes que sejam as notícias, vira-se a cara e embota-se a consciência...
Daí a minha resposta...
É claro que acho que se deva denunciar, que se deva insistir
para se ir despertando consciências,
mas não sei até que ponto certos horrores, dão o resultado que é preciso...a verdade às vezes tem tantas respostas!!!
Bj Victor
Maria Mamede
Viva Coloquei um post sobre a guerra onde faço referência a ti. Espero que o sentido da referência esteja correcto. Um abraço VM
Blogue: Ao (es)correr da pena e do olhar
Mensagem: É Justo ... ?
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Boa! Bué de fixe! Multumesc frumos!
H, o KK
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Caríssimo
Peço desculpa pela minha ignorância, mas se ainda vigorasse o Santo Ofício um de nós seria queimado na fogueira, por relapso. Traduz lá o que escreveste, p, f.
VM
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Boa! Bué de fixe = Muito porreiro Multumesc frumos = muito obrigado em Romeno. Já está. (...) Continuo mau como o dianho! abração
H, o KK
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diálogo com Antubes Ferrreira, de http://travessadoferreira.blogspot.com/
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