Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Do Passeio Público ao Parque da Liberdade


* Françoise Le Cunff .
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A projecção do Passeio Público, entre 1764 e 1771, por altura do plano de reedificação da Baixa, constitui a primeira expressão, no país, do desejo de um parque público numa altura em que, justamente, começava a ser um equipamento frequentemente integrado na reconstrução das cidades europeias influenciadas pelos ideais das Luzes.
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Concebido como uma alameda muito parecida com o desenho dos ‘mails’ e dos ‘cours’, o Passeio Público devia contribuir para o ordenamento do espaço público, para a ‘formosura’ da cidade e para o saneamento da mesma. Permitiria também o encontro das classes sociais num espaço arborizado, especialmente concebido para o efeito, e a sua mútua e progressiva aceitação.
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O Passeio Público foi, porém, destruído no final do século XIX para permitir a construção da Avenida da Liberdade e a extensão da cidade para norte. O município procurou substitui-lo por outro jardim ou parque público. Organizou em 1887 um concurso internacional destinado a seleccionar um projecto de parque paisagista a construir no terrenos do casal do Monte Almeida, a norte da Avenida da Liberdade. O novo parque a rematar a Avenida devia chamar-se Parque da Liberdade.
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O programa do concurso elaborado pela C.M.L. fundamentava-se nos princípios do parque paisagista. O estilo paisagista tido como modelo pelas realizações parisienses, executadas entre 1853 e 1870, era considerado, então, como o paradigma da modernidade na arte dos jardins urbanos.
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O estudo do Passeio Público e do Parque da Liberdade, como se chamou inicialmente o Parque Eduardo VII, permite reconstituir o processo de formação e desenvolvimento do conceito de jardim público na capital portuguesa. A análise dos projectos apresentados evidencia concepções estéticas e funcionais que evoluem com o tempo.
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Fotografia - Lisboa, um trecho da Avenida da Liberdade, in O Bilhete Postal Ilustrado e a História de Lisboa, de José Manuel da Silva Passos.
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Jardim da Avenida da Liberdade - Natureza Espaços Verdes
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Após o terramoto de 1755, que arrasou Lisboa, houve necessidade de reconstrui-la. Surge o plano Pombalino de reconstrução da cidade, que pretende criar na cidade um logradouro que os lisboetas há muito desejavam e jardins e espaços arborizados. Alguns anos mais tarde, inicia-se a construção do passeio Público, altura em que era um bosque com 300 metros de comprimento, entre as actuais Praça dos Restauradores e da Alegria, e introduzindo depois lagos, cascatas e várias estátuas. O Passeio Público tornou-se então um lugar de passeio, lazer, festas, concertos e festejos vários. Mas, o projecto de Ressano Garcia destruiu em 1874, o célebre Passeio Público, para dar lugar a uma enorme avenida com 1,5 Km de comprimento e 100 m de largura, desde a Praça dos Restauradores à Rotunda. A Avenida da Liberdade surge então como um dos ex-libris da cidade. Actualmente o Jardim da Avenida da Liberdade dispõe de aproximadamente 1 ha de área verde, onde se destacam uma série de flores: o ulmeiro, as roseiras, os plátanos, as begónias, o teixo, entre outras. Ao longo da Avenida, um conjunto vasto de estatuária e o quiosque do Tivoli.
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