Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNterça-feira, 22 de julho de 2014
Em Sintra o promontório da lua,
Em Sintra o promontório da lua,
de verde manto coberto, leve,
é na serra-mãe a urze que ferve,
parque dos poetas, p'la mão tua.
Na barca da ribeira, a falua,
de pombal em Alfama solta a lebre,
no jardim, sem Ajuda, com a febre.
indo por vezes eu em arrecua,
No areal soam, marulham, as ondas,
que em Cetóbriga mal as ouvimos,
a teus pés o mar, gaivotas redondas.
Sem arte, sem sol, em malabarismos,
com esperança, em ti lanço as sondas,
buscando teu coração, com verismos
2014.07.21 setúbal
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