* Victor Nogueira
30 de abril de 2014
No tempo do fascismo o 1º de Maio era um dia normal de trabalho e as manifestações e concentrações duramente reprimidas. Para 1974 estavam previstas manifestações, que a PIDE pretendia minimizar com numerosas prisões prévias. Face às "hesitações" de Spínola e da Junta de Salvação Nacional, o PCP pretendia decretar uma greve geral para o 1º de Maio, que veio a ser declarado feriado em 27 de Abril, com gigantescas manifestações em Portugal de Norte a Sul.
Da minha correspondência na altura:
« O Partido Comunista Português pretendia declarar uma greve geral para o próximo 1º de Maio [1974]. (…) Haverá greve ou não? Ou limitar-se-á a uma convocação gigantesca? (...) O 1º de Maio - Dia do Trabalhador - é finalmente feriado. Prevê se uma manifestação, que de resto agora são livres
(…) Viste o TV 7, ontem, domingo? É muito para um homem só ouvir finalmente, aquilo que alguns pensavam, muitos sentiam, mas não se podia dizer. E sobretudo o fim da guerra colonial, o direito à greve... Não, (...) não creio que se possa retroceder. A luta dos próximos tempos será de morte (não, não me refiro à guerra civil!); espero que o povo português não perca tudo o que pretenderão tirar-lhe: uma sociedade mais justa e humana. Mas de algo estou certo: "a longa noite do fascismo não voltará!".» (MCG - 1974.04.27/28)
~~~~~~~~~
Ao 1º dia do mês de Maio de 1974, pelas 16,35h, estudantes do ISESE, reunidos em Assembleia na sede do MDE [Movimento Democrático de Évora], (...)
As razões que levaram aqueles estudantes a tal procedimento foram justificadas pelo apoio ao 1º de Maio – DIA DO TRABALHADOR – e a sua celebração festiva.
Mais se acrescenta que para além do momento histórico porque passamos a vontade dos estudantes foi aceite pela mesa informalmente constituída. (...)
Évora, 1 de Maio de 1974
A Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes.
~~~~~~~~~~
Carlos Rodrigues
Lembras aqui, Vitor e muito bem Maios anteriores, anteriores à Liberdade, nomeadamente o Maio de 1962, em pleno Fascismo, onde a Imprensa ao serviço deles usava um terminologia típica que devia ser estudada hoje nas Universidades e não resisto a citar: onde os termos usados para designar os que tinham a coragem de se opor ao Regime, eram os de " desordeiros, amotinados, díscolos, minoria de subversivos, que se opunham às pessoas ordeiras", no tempo em que " a despeito da Polícia ter feito DISPAROS PARA O AR, com a preocupação de não atingir a multidão, ALGUNS PROJÉTEIS DISPARADOS MAIS BAIXO atingiram seis dos manifestantes etc. " Dos desordeiros atingidos pelos disparos um deles teve morte imediata, pois um projétil atravessou-lhe o crânio...tudo isto porque foram disparados tiros para o ar ou de mera advertência...
11 a
Sem comentários:
Enviar um comentário