Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNsábado, 18 de agosto de 2007
Dois sonetos
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João Baptista Cansado da Guerra
Viu a zorra, ficou preso em liana;
Por ela ficou gamado, sacana,
Sem a conquistar, no céu ou na terra.
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Será melhor abandonar a perra?
No mundo há muito outra bela magana
Com amor e doce mel que abana,
Sem que o bimbelo esteja em tal berra.
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Dizem, são iguais no comportamento;
Vero, querem todas o o mesmo paleio;
Chicote, desprezo e doce fel!
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Ora, adeus, vá bem longe este cimento
A tal macho e fêmea sou alheio;
Antes só, que encenar o papel!
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Setúbal 1989.
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2.
DE PEDRA SOIS VÓS, COISA DURA?
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Á minha porta bateu a Joana
Ar tímido, de não sobressair,
Com jeito, fala de sol a sorrir,
Dsixando-me preso, bela magana,
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Mas seu coração por mim não abana,
Nem no meu canto vem ela cair;
Bem a convido mas sem conseguir
Fazer com ela nossa boa cama.
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Não terei genica ou desembaraço,
Nem ouro ou rosas p'ra ofertar,
E assim lograr que seu bem mereça?
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De mãos vazias, sem seu regaço,
Por aqui ando, com mau respirar,
Sem que por mim seu desdém faleça.
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Setúbal 1989
2 comentários:
Olá Victor, bom dia!
Já aqui passeio, pois o sono foi-se embora mais cedo que o costume.
Por isso, vim ler o que andaste escrevendo!
Mas que "corrosivos"!Ai,ai!
como andava o humor por essa altura!...
Enfim, dores; de cotovelo, talvez!
Acontece ao mais pintado!!!
Bj.
Maria Mamede
:)
E quando é que o poeta tem finalmente sorte e fica com a dama?
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