* Victor Nogueira
Marcelo esgota-se e esgota a maioria com as suas recorrentes actuações como "entertainer", sedento de holofotes e ribalta, no papel de tudólogo.
Em vez de ser o discreto e recatado garante do regular funcionamento das instituições democráticas, age quase numa lufa-lufa, como se fosse o Presidente-Rei todo-poderoso, num regime que não é Presidencialista, mas pretendendo que o Parlamento e o Governo a Ele se submetam e d'Ele dependam.
Não pode de facto reclamar-se como o Presidente equidistante de todos os portugueses/as, mas como um Presidente de facção, a do PSD.
Tal como o seu antecessor, embora mais florentino, Marcelo nunca foi sinceramente um apoiante dum Governo minoritário do PS viabilizado pelas "esquerdas" no Parlamento.
Coerentemente tem passado os seus mandatos a mandar recados, palpites e "conselhos", sendo o responsável pela dissolução da Assembleia da República, tendo como finalidade apear o PS e dar palco ao PSD, para um "centrão" que garantisse "estabilidade", num "virar de página" favorável aos grandes negócios e "empreendedorismos".
Recolhido e silencioso, desde Outubro, ei-lo de novo a tentar passar pelos pingos dos aguaceiros.
Considerado um constitucionalista, sempre atento (ao que lhe interessa), deixou passar em branco a argolada da contagem dos votos dos emigrantes, mesmo que não cumprissem os critérios que a legislação impõe, ficou mudo e quedo quanto á dualidade de critérios que validaram votos no círculo fora da Europa e anularam voto idênticos no círculo da Europa, não esperou pela decisão do Tribunal Constitucional, “marcando” a data de posse do Governo.
Sobre esta trapalhada, como reage o constitucionalista? Marcelo reage à decisão do TC e admite que partiu do “princípio que o Tribunal não decidia anular as eleições”.
Entretanto, na melhor das hipóteses, novos Parlamento e Governo em Março, Orçamento nunca antes de Junho.
Isto é, o Presidente da República lançou a bisca: ou as “esquerdas” aprovavam o OE 22 ou, em nome da estabilidade", de imediato dissolvia o Parlamento. Saiu-lhe o tiro pela culatra. O PS, sôfrego por uma maioria absoluta e sem entraves das "esquerdas", alinhou com a dissolução, face ao voto negativo do PCP, Bloco e Verdes.
Marcelo vê-se forçado a dissolver o Parlamento, sem que o seu PSD tivesse conseguido arrumar a casa, apresentando um errático Rio como dirigente.
Prevendo as (pseudo) sondagens que o PS e as suas “esquerdas” se manteriam maioritários, com o descalabro do PSD/CDS e o crescimento do Ch€g@ e das Inici@tiva@$ £iber@i$, os patrões na recta final lançam na comunicação social a Operação Bojarda, numa semana colocando o PSD com maioria.
O eleitorado das “esquerdas” não consegue resistir ao apelo ao voto útil no PS, a quem dão uma inesperada maioria absoluta, frustrando a “ascensão” do PSD, enquanto as “direitas” resistem, pois, livres de barrigas de aluguer, precisam de afirmar-se. Novo desaire pra os intentos do Presidente da República.
Segue-se a trapalhada dos votos da emigração, sobre a qual o Presidente da República se manteve alheio, mudo e quedo. E, deste modo, na melhor das hipóteses só lá para meados do ano teremos Governo e OE22, com o país governado por ... duodécimos.
E é isto um Presidente de “todos” os portugueses, garante da ”estabilidade” (seja lá o que isso for) e do regular funcionamento das instituições democráticas (seja lá o que isso for)?
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