* Victor Nogueira
14 de março de 2013 ·
Foto Victor Nogueira - Nazaré, vista da Pederneira
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Judite Faquinha
VICTOR!!! Que foto mais linda, forma um cantinho sonhador, serra, mar e Nazaré cantinhos de Portugal lindos que nós não conhecemos... estive na Nazaré mas em trabalho só vi o mar ao longe. bjs
12 a
Manuela Vieira da Silva
Gosto muito da Nazaré. Fiz campismo no pinhal uma vez. Gosto das ruas estreitas, do sol e do mar. Só tenho pena de não fazer surf para aquelas magníficas ondas vencer. A paisagem vista do Sítio também é muito bonita. Esta foto é outro lado, menos vista, mas muito bonita.🙂
12 a
14 de março de 2014 ·
Desde 1976 os grandes grupos económico-financeiros foram tomando de novo conta do poder após o susto de 1974/75. E conseguiram-no graças aos manageiros do ps(d)cds, em quem nunca votei, mas outros o fizeram.
Quem neles tem votado e continuará a votar ps(d)cds - cerca de 70% segundo as sondagens - é que deveria entrar em profunda reflexão.
14 de março de 2014 ·
desenho do rui pedro, in illo tempore - 1986/87
"O PAPAGAIO DE PAPEL
Está um dia cinzento. Lá vai o papagaio de papel levantar voo contra o vento. Encontra uma nuvem, dança com ela. Chegam outras nuvens pequeninas e fazem roda à volta dele, a cantar. Sem algumas gotas de chuva e as nuvens desaparecem. O papagaio de papel toma mais altura para se libertar da chuva"
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Maria Jorgete Teixeira
Briga de papagaios ! Giro
11 a
Carlos Rodrigues
Esíóroto de luta...🙂
11 a
Victor Barroso Nogueira
ai ai, manarminda, Arminda Griff que só de raspão me lês. O desenho é do meu filho, mas o texto acho que é uma cópia e não um texto livre dele, como há outros no caderno Ao contrário do Rui, do meu irmão, dos meus pais e do meu tio paterno josé joão, eu não tenho jeito para o desenho. LOL O que acho interessante nos desenhos do rui é que são cheios de movimento
11 a
Laura Rijo
Bastante criativo o teu filho Rui Pedro!
11 a
Graça Maria Teixeira Pinto
o Rui (se é Rui...) tinha jeito para o desenho e devia viver em África, a julgar p/ puto da direita.🙂
11 a
Victor Barroso Nogueira
Laura Rijo e Graca Maria Antunes Apenas o pai do Ruiu é que é de África, os filhos são alentejanos, como a mãe deles. O Rui, tal como a irmã, tb escreve muito bem
11 a
Fatima Mourão
muito fixe ❤
11 a
Laura Rijo
Sim, eu já percebi há muito tempo esse pormenor, bastante importante por sinal. Mãe alentejana, moços espertos... eheheh
11 a
Laura Rijo
Brincando Victor, tu tens um talento incrível!!
11 a
Ester L. Cid
Os desenhos dos nossos filhos, são sempre verdadeiras obras de arte. Um beijinho aos dois. ❤
11 a
Maria João De Sousa
🙂 São sempre relíquias, os desenhos dos nossos pequeninos, Victor Nogueira! Obrigada!
11 a
Victor Barroso Nogueira
Pois, Laura Rijo, saiem à mãe e atiram ao pai, que tem antepassados nascidos em portugal desde Mora, no Alentejo, até Chaves, em Trás-os Montes 😛
11 a
Laura Rijo
🙂
11 a
Elsa Cardoso Vicente
Bem giro, gostei imenso, bom fim de semana
11 a
Milu Vizinho
Muito bonito, gostei muito...Bom fim de semana...❤
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Ana Maria Madail
Bela recordação dos nossos pequenos!! Obrigada Victor..🙂
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Judite Faquinha
Bela recordação dos primeiros desenhos, que os nossos filhos fizeram, e mostraram a sua sensibilidade para o desenho, adorei jinhos ❤
10 a
14 de Março de 2014
escritos em 2009
Não fossem os registos e a memória perder-se-ia ou seria "retocada". Mas manter os escritos em suporte digital é torná-los mais frágeis e contingentes do que se o fizéssemos em papel, papiro ou pergaminho. Mas os textos que foram registados em programas de processamento de texto "comerciais" deixam de ser abertos e "lidos" por versões anteriores. Para além de exigirem um "suporte" intermédio que facilite a sua "visão" - seja computador, notepad, ipad ou o que se lhe seguir. Alguém se lembra do spectrum ? Ou das disquetes de 5" 3/4 que armazenavam fabulosos 160/320 KB e dos pc's com extravagantes 50 MB de capacidade de armazenamento ? Que computadores lêem hoje as disquetes ou as zip-drives de armazenamento com capacidade de 100 ou 750 MB ? "Monos", ali numa gaveta, como os filmes e programas registados em betamax ou em vhs !
Durante uns quinze anos mantive uma intensa correspondência com a família e amizades, de que recuperei apenas a que escrevi para casa, em Luanda, ou para o Porto e Lisboa, para além da que a Celeste me deixou - a minha para ela - após o divórcio.Outra de anos com uma amiga minha perdeu-se, pois há uns anos qd lhe perguntei se ainda a tinha e se ma emprestava tive como resposta que resolvera rasgar todos os papéis pessoais porque não queria que fossem lidos por outrem após a sua morte. E assim se perderam anos das minhas notas sobre évora, o instituto e a vida ! Mas disse-me que eu poderia publicar as que me escrevera, que guardei e considero, acima de tudo, textos duma enorme beleza literária.
A única vantagem da digitalização da minhas biblioteca e dos meus escritos e dossiers seria ocuparem menos espaço: em vez de mais de duas centenas de metros que totalizam dezenas de prateleira cheias muitas em duas filas teria uma dúzia de DVD's.
Continua em escritos em 2009
14 de março de 2017 ·
O CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES ENTRE BELÉM E S: BENTO SEM ESQUECER O CALDAS DA LAPA, OS TRÊS REIS MAGOS DA SANTÍSSIMA TRINDADE BANCÁRIA E AS VISÕES DOS TRÊS PASTORINHOS
1. - A caranguejola do ex-Páf já nem sabe o que diz, tão tonta está ? Seraficamente, sem mea culpa, Cristas que a(ssas)sina de cruz assunciona que tudo "Fazia parte da visão do primeiro-ministro. O primeiro-ministro sempre teve uma visão que é esta: a banca e o pilar financeiro do resgate eram tratados pelo Banco de Portugal (BdP), que tinha as funções de supervisor independente, e o Governo não deveria meter-se nessas questões. Esta foi sempre a visão do primeiro-ministro. Portanto, o Conselho de Ministros nunca foi envolvido nas questões da banca." e, cereja em cima da barata, afirma que nunca foram discutidos pelo Governo as questões do “sistema financeiro”, que, note-se, "passaram" os testes de stress da banca feitos pela seráfica Troika com as supervisões da Senhora de Fátima segundo Aníbal, de S. Victor e de S. Carlos, incluindo o BES , o BPI, o BCP, o Montepio e a CGD . Pensam a santíssima trindade do CDS/PSD com a benemérita troika que somos todos totós ?
2. – E o ilustre economista do Poço de Boliqueime, o impoluto homem, amigo dos seus amigos, que não lê jornais e raramente se engana, exigiu ao PS / Costa, que não era de Assis nem Seguro o que às 5ªs feiras nem nos restantes dias, ano após ano, nunca exigira a Passos, Gaspar, Luís, Portas, Macedo, Cristas & all good fell’as, que pretendia continuar a “proteger” com (não) exigências sobre o sistema financeiro ? Exigências que rocambolescamente fez ao PS / Costa, apesar deste ter apoio maioritário no Parlamento ? Bem sabemos que a democracia do senhor Silva segundo Jardim é sui generis, mas ---
3. ... considerando as Memórias de S. Paio. ao pé destes estarolas com elevado sentido de estado segundo seguro cisco assis, nada esquerdalhos nem leitões na Bairrada, Sant’Anna, o da incubadora e da Santíssima Casa da Misericórdia, era um anjinho ? E no meio desta sócretina narrativa, as direcções nacionais do PSD/CDS perante os quais Passes, Portas, Luís & Cristas política e partidariamente deveriam ser responsáveis, são “democraticamente” verbos de encher, “responsavelmente” assobiando para o lado, como se o Governo de Passos / Portas & tutti quanti não fosse um Governo do PSD/CDS e Passes/Portas & Cristas não continuem a ser seus militantes e dirigentes ?
Abrenúncio, Satanás, seja em off.shore o Diabo cego, surdo e mudo, valha-nos Belzebu, o perro ? A quem interessam toda esta mal enjorcada verborreia e tanga ensarilhadas entre o jornal diário público expresso correio da manha, a verdade a que temos direito, dizem, como Pôncio Pilatos, eles e elas ?
14 de março de 2020 ·
foto mens Évora - quarto de estudante - 1973 / 74
Nas paredes uma serigrafia de Ribeiro de Pavia, adquirida para financiar as CDE's (Comissões Democráticas Eleitorais), uma foto duma mãe vietnamita chorando o filho morto na Guerra do Vietname e a reprodução duma pintura de Picasso. Em 1º plano vê-se o divã que me servia de cama.
1968
Desde há 24 dias que assentei arraiais com armas e bagagens num segundo andar da Rua do Raimundo, mais precisamente no nº 44. A dois passos da Praça do Giraldo e a quatro do ex Palácio da Inquisição, actualmente ISESE. O quarto é grande, enorme. Deve ser o maior quarto que jamais tive. Uma cama que vai ser substituída por dois divãs. Uma mesa de cabeceira. Duas cadeiras. Com um candeeiro. Uma escrivaninha. Com outro candeeiro. Um guarda-fatos com porta de pano. Isto é, uma cortina. Um armário transformado em estante e roupeiro. Uma mesa semi circular, encostada a uma parede. Com uma saia de pano púrpura. Junto a um espelho de moldura dourada. Algo estragada. Os [meus] caixotes serrados e amontoados transformados em prateleiras. Interessante. Ou não fosse eu estudante! Um cesto de papéis. Indispensável. Pois rasgo muitos ditos cujos. A mala de porão a fazer de banco. E de arca da velharia e lixarada. Aquela lixarada que não serve para nada, que só estorva, mas de que não conseguimos separar nos nem sabemos onde guardar. O mesmo que o sótão das casas grandes e antigas como esta (que não tem sótão mas tem terraço). Pelas paredes gravuras, fotografias ou reproduções de quadros. A maioria trágicos. Para o que me havia de dar. E, imprescindível, uma janela! Vale mais que uma porta. Esta dá para um corredor. Aquela para um patiozito interior. O contrário seria mais assombroso, não seria?
O aquecedor da casa de banho é a petróleo. Lá em casa, em Luanda, temos um arrumado a um canto. Este avariou se há dias. Fez greve! Provisoriamente utilizamos um balde chuveiro. Também temos um lá para um canto, em Luanda. Aqui aquecemos a água num panelão, num fogãozito a gás. Despeja se a água no balde, içando-o seguidamente. Puxa se uma coisa qualquer (não sei o nome) e a água cai em chuveiro. Mas no fim do mês a sra. D. Vitória [Prates] também comprará um aquecedor a gás. Lá em Luanda também temos um. Creio que não está arrumado a um canto. Há uns dois anos e uns dias não estava!
Além da minha pessoa outras mais existem aqui em casa. É natural. A sra. D. Vitória. A dona da casa. (...) Creio que é boa pessoa. De resto todos para mim são boas pessoas... até ver ( ) Às vezes continuam mesmo a ser! A Ermelinda. Que é sobrinha. Que anda no 2º ano do Magistério Primário. Minha adversária ao "crapaud" e parceira à "sueca". Nem sempre. Uma colega: a Ana Maria. A sra. D. Cacilda, mãe da sra. D. Noémia [(Simas) Mendes. Que foi há dias para Leitora de Português da Facultad de Filosofia y Letras de Santiago de Compostela. Com quem gostava imenso de conversar. Que via poesia, algo de valor, nas coisas simples e banais. Nas quais não reparo por não poder não saber ou não querer. Por demasiado perdido nos meandros das minhas introspecções filosóficas. A sra. D. Cacilda deixar nos à no fim deste mês de Novembro. Dois colegas meus do 3º ano de Economia de Empresas: O Alexandre [Vaz] - alto e de ombros curvados - e o Jorge [Carvalheiro] - alto e direito (ou não fosse tenente da Guarda Nacional Republicana). E um terceiro, finalista do mesmo curso. O "fantasma" cá de casa. Aparece e desaparece quando muito bem entende. Para terminar, a Leolinda - afilhada e criada da dona da casa. E a filha - uma miúdinha de sua graça Ana Maria, de seis risonhas primaveras.
(...) Pago mensalmente 1 150$00, incluindo cama, mesa, banhos e roupa lavada. Muito menos do que gastava nessa multi tentadora Lisboa. (ELF - 1968.11.24)
1969
Terminei há pouco um torneio de basquetepilha, cujos dois "rounds" ganhei ao Luís. Basquetepilha é um jogo há pouco descoberto por nós e que consiste em tentar enfiar uma pilha velha no cesto dos papéis. O ano passado o jogo era outro, com o Alexandre, e chamava se "handalmofada" .Os torneios terminaram no dia em que um de nós deixou a almofada passar pela janela e estilhaçar um dos vasos do pátio, para desgosto da sra. D. Vitória, nossa ilustre hospedeira. (NSF - 1969.12.12)
1970
À "Rapsódia Húngara" de Liszt (o piano é maravilhoso!) junta se o chilrear dos pássaros no telhado, o ronronar duma avioneta pelos ares e o ruído abafado do trânsito na Praça do Giraldo, aqui a dois passos. (NSF - 1970.05.17)
14 de março de 2020 ·
foto mens - o quarto do estudante em évora (1973 / 74)
Caixotes serrados ao meio e empilhados serviam de estantes, no cimo das quais se vê uma das "indecências" ("porcarias", dizia ela) que escandalizavam a minha hospedeira: um inocente poster dum dorso feminino desnudo, do pescoço aos tornozelos
Para lá disso, a mesa de estudo, com aba extensível, o divã que me servia de cama em 1º plano, e a cómoda, sobre a qual estão o gira-discos Philips comprado na loja do ´pai do meu colega Sertório, o rádio Hitachi e o leitor/gravador de cassetes, trazidos de Luanda, e uma bandeja de verga, artesanato da Madeira oferecida pelo meu irmão.
No chão, ao pé da cadeira, o aquecedor eléctrico com que aquecia os pés, pois frequentemente e no inverno tinha a janela aberta, caso não estivesse um frio de rachar. Na parede, a reprodução dum outro quadro de Picasso.
A bandeja e o gira-discos ainda existem, bem como o porta-canetas, oferecido pela minha tinha Lili e em cima da secretária . E a maioria dos livros também. Creio que o poster também não foi à vida, arrumado ali numa pasta com cartazes, alguns já históricos.
1971
O meu fiel amigo permite que o Luís Góis cante para mim, neste momento, a "Toada Beirã" Ontem à noite o Carlos esteve cá em casa. Tencionava ir ao cinema para ver "Sete Noivas para Sete Irmãos" mas atrasei-me a escrever, mudando por isso de planos, o que permitiu-lhe encontrar-me. Estivemos a conversar até às tantas. (NSM - 1971.12.02)
1972
Estava eu para aqui alinhavando estas linhas (...) quando o Carlos me entrou pelo quarto dentro, com um "Ah! Estou muito cansado. Imagina lá que andei com o Camilo a ver monumentos; pela milésima vez fui ao Museu e à Sé". Sabes, por causa do Camilo andar na fase cultural! ( O menino agora anda a estudar latim, não conseguiu convencer qualquer de nós - eu e o Carlos - a acompanhá-lo em tão profundos estudos, mas nem por isso consegui escapar às longas dissertações ali à mesa do Arcada, especialmente quando descobriu um interlocutor: o Régua, que também estudou latim! (MCG - 1972.10.07)
Ouço o Zeca Afonso e daqui a pouco vou até ao Arcada, dar dois dedos de conversa ao Camilo, lanchar a sandes de fiambre, galão claro e iogurte habituais, e dar uma vista de olhos pelos jornais da tarde. (MCG - 1972.09.22)
De que vou falar-te, eu que neste momento consideraria a felicidade suprema chegar a casa e sentar-me numa poltrona confortável, com Bach ou Mozart no ar e talvez amigos - ou amigas - o corpo sereno sem dentes cerrados! Mas não tenho dinheiro nem livre curso ao meu dinamismo em algo que me entusiasme! (MCG - 1972.11.20)
É ao entardecer dum dia gelidamente outonal. Ali no divã o Aristides e o Zé Manel cantam e tocam do Zeca Afonso "Traz outro amigo também" (MCG - 1972.10.11)
Ali o José Emílio pergunta-me se estou escrevendo as minhas memórias, entre uma garfada de arroz e outra de carne. (...) É depois do jantar. Chove e as pingas caiem descompassadamente no cimento, lá em baixo no pátio. O rádio transmite uma música solene e majestosa que não identifico.
O Aristides vai folheando um livro de poesia e divido a minha atenção entre o que escrevo e o que ele me diz. - lá vou dando conta do recado (O Aristides comenta Fernando Pessoa dizendo que é poesia de salão). (MCG - 1972.10.12)
E como são 20 horas e a voz da D. Vitória está quase a soar!... (....) Há dias a senhora ficou muito com a alma enevoada porque cheguei ali à cozinha e comentei ao vê-la fritar batatas, uma vez mais: "Qualquer dia passa a ser a das batatas fritas."
Um inocente e amigável comentário provocou tais tempestades, tais amuos - agravados pela falta de doçura habitual da minha voz - que nem imaginado! Resultado, para além dos habituais comentários ("Já não sei o que hei de cozinhar!", etc.): três ou quatro dias sem batatas fritas. (...) (Regressaram hoje ao almoço! "E que saudades, Deus meu!" (MCG - 1972.10.24)
É ao fim da tarde de 2ª feira. Está fresco no quarto; na rua o sol queima. Estirado no divã, olhos fechados, o Carlos [Nunes da Ponte] ouve as gravações [de órgão] que efectuou no sábado - algumas composições de sua autoria, outras de Bach. Está contente com a sua genialidade. (MCG - 1972.07.10 -?)
O tempo já convida a vestir-se o roupão, acender o aquecedor e ficar-se pacatamente em casa, ouvindo música ou conversando, quando não se joga uma partida de cartas (MCG - 1972.10.30)
Resolvi passar à máquina o manuscrito escrito antes do jantar, enquanto o Aristides [Picanso da Silva] dormia ali no divã e, lá em baixo no pátio, alguém lavava a roupa. Ouvia-se a água escorrendo e o barulho dum balde ou bacia de plástico. Alguém fala aí numa das casas e o relógio da torre [da Igreja de Santo Antão] batia, então, a sua badalada do quarto de hora. (MCG - s/data 1972. 09/10 ?)
Podia falar-te do Jorge, que agora anda todo bem vestido - fato cinzento com colete e gravata - do seu amigo Carlos - que é moço de recados no Café Arcada e maça as pessoas com os seus préstimos (as gorjetas são a sua única remuneração) Ou do Pedro, que esteve muitos anos no Brasil, que é um tipo expansivo e bom palrador, mas que fala com sotaque brazuca para impressionar (o Jorge desmascarou-o no café, com um dos seus comentários de miúdo que não está ainda dentro de certos mecanismos sociais) (...) Abriu um novo pronto-a-vestir em Évora. (MCG - 1972.11.06)
Há séculos que não punha a Olivetti Lettera 22 a trabalhar (intervalo para umas palmadinhas amigáveis nesta velha amiga e companheira). Que anda comigo, acompanhando-me. Que escreveu os meus relatórios e os meus protestos, as minhas alegrias e as minhas desesperanças, os meus apontamentos escolares e as minhas reflexões políticas, os meus parcos amores e lirismos!
Lembro-me duma das passagens do "Diário" de Anne Frank, na qual esta se refere ou faz uma ode à sua querida caneta desaparecida. Mas não escrevo qualquer ode, "em primeiro que tudo" isto é uma Olivetti e não uma Parker ou Pelikan e, "em depois que tudo", está aqui rija e pronta a bater pelos séculos dos séculos. (...)
Estou enregelado. Já devia ter-me levantado para cerrar a janela escancarada, através da qual entram não só o frio como os alegres e rápidos acordes duma qualquer composição para piano que um dos co-hóspedes do Camilo põe a tocar frequentemente. (MCG - 1972.11.08)
O Arcada hoje está impossível de poluição, por causa dos alentejanos que hoje desceram ao povoado para discutirem o preço do gado e o mais que não sei nem me interessa. (MCG - 1972.12.26)
14 de março de 2023 ·
Foto victor nogueira - Azurara - grafito Charlie Brown dos Peanuts (2022 12 04 IMG_1332)
Entroncamento da Rua das Figueiras com a EN 13 - "Anda cá, Snoopy!" Charlie Brown, personagem dos Peanuts, criação de Charles M. Schulz
14 de Março de 2025
Foto victor nogueira Vista desassombrada e desagofada do alto da torre no cimo duma encosta. (2025 03 14 IMG_5619)
Normalmente tomo as refeições na cozinha, voltado para a varanda, tendo diante de mim o céu com variadas cambiantes por onde por vezes perpassam gaivotas. Mas com a mesa ocupada por falta de ajuda para as arrumações, fiado em conversa fiada, resolvi por uma mesinha na varanda, onde passei a comer e por vezes trabalhar, sendo este o hoizonte em dias límpidos, claros e de céu azul.
Um horizonte desafogado, tal como no Mindelo, onde, voltado a Norte para um campo agrícola, também a vista é desassombrada, quer na sala onde trabalho, quer na cozinha, onde tomo as refeições. Mas sendo no Mindelo térrea a casa, o horizonte á bloqueado ao fim de algumas centenas de metros, por um renque de árvores de grande porte.
Lá como aqui, também as gaivotas e os pombos dão sinal de vida, por vezes em busca de alimento no solo.
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