Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Os moinhos de vento no Livro de Viagens

 * Victor Nogueira 


Nos meus textos surgem referências a moinhos de vento, alguns dos quais fotografei. Nas povoações por onde deambulei, a memória deles persiste na topomímia: Rua do Moinho, em Setúbal e Arraiolos, Rua do Moinho do Frade, em Setúbal, Beco do Moinho e Travessa do Moinho, na Paia da Nazaré, Rua do Moinho Velho, no Couto (Coutos de Alcobaça), Rua do Rio Moinho (Alpedriz), Escadinhas do Moinho Velho (Mira de Aire)  ... Na toponímia das povoações os moinhos  também marcam posição, como Rio de Moinhos (rcos de Valdevez e Aljustrel) ou  em Moinhos da Usseira (Caldas da Rainha) e Alto  dos Moinhos de S. Bento (Évora)  e Alto dos  Moinhos (Lisboa)


1963
De Fátima recordava-me do chão enlameado e da Capela das Aparições. A Basílica é bonita. Vi também os moinhos de vento, mas só de longe. (NSF - 1963.09.04)


1973
Domingo fomos até à Ericeira. A povoação não tem já a beleza e o pitoresco que nela se via. Prédios incaracterísticos ("É o progresso", comentava me a Irene [Pacheco]), ocupados pelos veraneantes, destroem a beleza e harmonia de que ainda vão sobrevivendo testemunhos. Café, cinema, praia, passeios, são o entretenimento dos "estrangeiros", cujo falar parecia mesmo uma chilreada no pequeno largo, cujos bancos e espaço enchiam com a sua presença. A estrada até à povoação é muito estreita e atravessa algumas povoações, todas elas vitimas do "progresso", como se o progresso fosse a construção de casas de mau-gosto atroz; havia muitos moinhos, a maioria branquinhos e funcionando, contrariamente ao que sucede no Alentejo. (1973.09.19)


O meu avô Barroso tem uma casa no Mindelo, onde há uma praia rochosa que me deslumbra pela violência com que as ondas batem na rocha em cascatas de espuma que salpicam o rosto. ou então aquele moinho [azenha] que eu visitei ao inquirir dois velhotes, lá para os lados de Arraiolos: azenha na Ribeira do Divor Gostava de passar as férias, p.ex., num sítio assim. (MCG - 1973.08.02)


1997
Palmela é terra de muitos moinhos, alguns funcionando, na crista das serras do Louro e dos Barris, e das vistas deslumbrantes até aos confins do horizonte. (Memórias de Viagem, 1997)


A parte antiga do  Barreiro possui um passeio arborizado ao longo do rio Tejo, com arruamentos em quadrícula. As três igrejas antigas concentram-se à beira-rio (N. Sra do Rosário, Misericórdia e Santa Cruz), onde também existem uma praia fluvial, poluída, os moinhos de vento da Alburrica, um deles acentuadamente cónico (naquele onde funciona uma Ludoteca), e moinhos de maré, que são testemunhos de processos de fabrico que pertencem ao passado. Avenida Alfredo da Silva,  fundador da CUF (Quimigal) é uma importante artéria onde se concentra variado comércio, com um jardim. O edifício da Câmara é pobre, com vitral na escadaria. Junto ao rio Tejo um dédalo de linhas férreas, com Lisboa na outra margem.  (Memórias de Viagem, 1997)


A vila  de Alhos Vedros possui pelourinho, coreto e um desactivado moinho de maré, com um muito degradado palácio com varandas de sacada. Estes dois edifícios situam-se no Largo do Descarregador, ao qual se chega pela rua do Marítimo, perto dum esteiro  mal cheiroso, onde vogam ainda algumas embarcações. 

Nesta vila os reis e fidalgos refugiavam se quando havia peste em Lisboa. A cortiça e as salinas foram uma importante actividade económica. A pacatez da vila foi quebrada pelo cruzamento de viadutos, mesmo ali ao lado do cemitério, cujos mortos vêm o seu sono perturbado pela passagem dos comboios e dos automóveis. A porta do cemitério contém uma data - 1880 - e uma inscrição: "Só Deus é eterno". (Notas de Viagem, 1997)


Seixal é uma pequena povoação. uma rua central e duas laterais, transversais para o rio, dois pequenos jardins, um em cada extremo, e um passeio alameda ao longo do rio. O Ecomuseu tem vários núcleos, como o da construção naval, moagem (moinho de maré de Corroios) e romano. Situa-se num esteiro do rio Tejo, denominado Rio Judeu, em cujas margens ficam também Arrentela, Amora e Corroios. Barcos recuperados: um varino e dois botes de fragata. O moinho de maré de Corroios, o único de dez que se mantém em funcionamento; no século XVI ascendiam a 60, que abasteciam Lisboa com farinha. (1) À entrada do Seixal impõe se o edifício da fábrica corticeira da Mundet, hoje encerrada, em processo de degradação. (Notas de Viagem, 1997)

(1) - Outros moinhos são os da Quinta da Palmeira e do Zemoto (aldeia de Paio Pires), do Breyner (Arrentela), da Torre, do Capitão, do Galvão e da Passagem (Amora), Velho e Novo dos Paulistas (Seixal).


Amareleja - Situada  perto da ribeira do Ardila, possui moinhos de água nas margens do Guadiana. O cemitério espelha um costume característico, cuja razão desconheço, com as campas ao cimo da térrea, onde ninguém é enterrado. (Memórias de Viagem, 1997


Uma música alegre, ao chegar pela estrada vindos de Mafra, faz-me pensar que se trata duma festa religiosa, das muitas que enxameiam o país de norte a sul, em Agosto. mas embora sejam as festas atrás referidas, de 9 a 17 de Agosto, a música provém dum conjunto de edifícios pequenos, à beira da estrada, reconhecível pela miniatura dum pequeno moinho, de velas rodando. trata-se da Aldeia de João Franco, (no Sobreiro), um artesão oleiro, já velhote, agora especializado em estatuetas de barro, religiosas umas, pagãs outras, elegantes, alegres e bem humoradas. (Notas de Viagens 1997 08 15)


A mata cavalos fomos do Mindelo a Valença do Minho, regressando pelo interior, de manhã até pela noite dentro. Passamos pelos moinhos, de pedra não caiada, mata e praia da Apúlia - terra de sargaço e sargaceiros, é uma praia de areia fina, atravessamos Ofir, povoação bonitinha na margem do Rio Cávado, passamos por Esposende, . (Memórias de Viagem, 1997.08.21)


De Setúbal à Atalaia o percurso ainda é feito por estreita e movimentada estrada, passando por povoações à beira da estrada sem algo de notável para assinalar. O Santuário da N.Sra da Atalaia era a primeira agradável surpresa, lá no cimo da escadaria que parte do amplo terreiro onde existe um cruzeiro. Depois a ponte das Enguias, periclitante, onde se situava um arruinado edifício que outrora fora caiado de branco, que não confirmei se teria sido um moinho de maré, para além de salinas e arrozais. (Memórias de Viagens 1997)


Chove desalmadamente na noite em que vamos a S. Martinho do Porto, em baia conchiforme que figura num azulejo à entrada da povoação, em curva apertada onde não se pode parar o carro, pelo que sigo caminho. A chuva não convida a passeios pedestres e da povoação retenho as ruas molhadas, a iluminação, as casas ao longo da baia e outras pela encosta acima. De dia noto quer os cabeços das colinas em volta estão cobertos de moinhos, muitos com ar de abandono. (Notas de Viagem, 1997.10.26) 


Praia (da Nazaré) - Quem entra na Nazaré vê a sua atenção desperta na Marginal por inúmeras lojas com estendais à porta e pelos passeios ostentando roupa e louça artesanais, estando do outro lado a praia comprida. A povoação, mais nova que o Sítio e a Pederneira, desevolida a partir do século XVIII, é uma malha ortogonal subindo suavemente pela encosta. As ruas são estreitas e as casas brancas, conversando com as mulheres à soleira das portas, com um falar próprio, estilo algaraviada arrastada e cantada. (…) Há duas praças principais, onde ficam as esplanadas, e as ruas nesta parte velha ostentam nomes como o Beco do Moinho.  Na rua da Subvila há muito comércio e por toda a povoação as brancas casas apresentam um ar cuidado. (Notas de Viagem, 1997.10.31)


Usseira é a terra que deu nome ao aqueduto que abastecia Óbidos de água, construído no  século XVI. Resolvo ir visitá-la, seguindo pela estrada velha que liga as Caldas da Rainha a t
Torres Vedras, estrada cheia de curvas e agradávelmente arborizada no vale transposto pelo viaduto da IC 1. Dos pontos mais altos avistam-se os campos, cabeços e povoações nos arredores, designadamente do Lugar dos Moinhos da Usseira. uma placa indica uma estrada secundária, mas chegado à povoação ninguém sabe onde fica a nascente ou mãe de água do aqueduto. rRsta a visita à aldeia, longilínea, com casas arruinadas, um moinho de vento caiado e conservando ainda a estrutura das velas, vinhedos pelos campos. (Notas de Viagens 1997 11)


Os campos em redor estão cultivados. De Leceia, no alto do monte, a Barcarena, lá em baixo no vale, junto à ribeira, é um pulo pela rua Marquês de Pombal. Na encosta, junto à estrada, avista se o corpo central dum moinho de vento transformado em miradouro, com parapeito no lugar do telhado. De Leceia avista-se até longe, até Laveiras e ao Hospital Prisional de Caxias. Em Leceia situam-se ruínas pré-históricas duma povoação fortificada. (Notas de Viagem, 1997)


1998
De Inverno o dia escurece rapidamente e as últimas fotografias em Serra d’El Rey são já feitas ao anoitecer.  (...) O adiantado do escurecer impede-nos de apreciar as belas paisagens em redor, tendo como limite o mar e o horizonte longínquo. (...) Pelos arredores alguns moinhos, um dos quais fotografo já com o sol a pôr-se para lá dele, num retrato pouco conseguido. 

A caminho de Atouguia da Baleia, próximo objectivo, em Coimbrã uma placa indica a existência dum cruzeiro, pelo que toca a fazer uma inversão de marcha para um pequeno desvio, acabando por encontrar um cruzeiro manuelino,  num recanto ajardinado, com palmeiras, flores e arbustos, sob um coberto; o cruzeiro apresenta numa das faces Cristo na Cruz e na outra, morto, nos braços da Mãe. Dentro da povoação um moinho bem conservado, da Senhora da Memória. Que memórias são estas não consigo saber desta vez.  (Notas de Viagens 1997.12.05 e 1998.02.23)


Dado o adiantado da hora é difícil encontrar onde jantar, [em Sobral do Monte Agraço] pelo que regressamos ao restaurante O Ferrador, [em Sapataria], cujos donos nos contam curiosidades da terra, como sejam a origem do seu nome, derivado dali se fabricar o calçado para a tropa. Do terraço da casa mostram nos o Monte do Moinho do Céu, de que se distingue o piscar das luzes para a navegação aérea. .(Notas de viagem, 1998.01.--)


Dos pontos mais altos avistam-se os campos, cabeços e povoações nos arredores, designadamente do lugar dos Moinhos da Usseira. Uma placa indica uma estrada secundária, mas chegado à povoação ninguém sabe onde fica a nascente ou mãe de água do aqueduto. Resta a visita à aldeia, longilínea, com casas arruinadas, um moinho de vento caiado e conservando ainda a estrutura das velas, vinhedos pelos campos.  (Notas de Viagem, 1998.01.14 e 1998.02.07)


Da Foz do Arelho, nas terras da Rainha, a S. Martinho do Porto, nas terras do Mosteiro de que foi granja, podemos seguir pelo cume da Serra do Bouro, cuja altitude é de apenas 162 m, sobranceiro ao mar, primeiro caracterizada por ser ventosa, com vegetação rasteira, inóspita, que vai dando lugar a arvoredo à medida que nos aproximamos de S. Martinho. Não obstante o deserto, na encosta norte até ao vale existem alguns casais, como o de Celão e o das Cidades, de ruas ingremes, estreitas e casas arruinadas. Alguns moinhos estão reconvertidos em residências. No Cabeço da Vela, à berma da estrada, uma enorme eira, reconstruida recentemente. (Notas de Viagens, 1998.02.09 e 24)


Perto da Tornada, pela Rua dos Queridos acima, dirigimo-nos ao Couto, que não pertencia aos coutos de Alcobaça e que nada de notável nos mostra: um cruzeiro e um poço com bomba de água, ambos à beira da estrada. Da toponímia registo a estrada da Laje e as ruas dos Lagares, do Forno , do Vale Velho,  do Ramalhal, do Moinho Velho,  da Eira, das  e da Associação, para além da travessa Estreita  e do Beco da Belavista Já fora da povoação deparo com a Rua do Sol Nascente. (...)


Santa Catarina [nos coutos de Alcobaça] foi esta uma vila importante, embora a importância seja relativa ao tempo e à era; com efeito, em 1527 teria ... 31 moradores na vila e 69 no termo, possuindo até 1834 duas Companhia de Ordenanças para manter a ordem!

(...) No largo principal, chamado do Pelourinho,, situa-se uma igreja modernizada, com alteres de talha dourada ("outrora é que era bonita", conta-me um velhote ilustrado com outros dois sentado num  banco), o pelourinho, a antiga casa da Câmara, um solar setecentista (com uma capela arruinada), para além dum modesto jardim com caramanchões e um fontenário. Passeio pelas ruas e registo os seus nomes: o Beco do Moinho e as ruas do Lagarão, do Jardim, do Arsenal, do Paiol, do Caixeiro,, Direita e da Índia. Deparo com muitas casas arruinadas e outras para venda.

Entre as várias histórias referidas pelo velhote, que tinha lá em casa um livro assinado contando histórias da região, registo a que se refere ao Casal do Coito (?!), onde eram acolhidas as crianças sem pai nem mãe, para além de esclarecer que a forca se situava num cabeço fronteiro, fora da vila, mas que constava que ninguém fora lá executado. (Notas de Viagem, 1998.02.22)


Vilar de MourosEspigueiros. Igreja com  Adão e Eva, em baixo relevo Célebre pelos festivais de música, o 1º realizado em 1972, um Woodstock à portuguesa. Bomba de poço. "Alminhas". Portal do cemitério. Nova (?)

Situada na serra de Agra e atravessada pelo rio Coura, aqui proliferam os moinhos, azenhas e açudes, uma ponte medieval ligando as duas margens em que se situa a aldeia, célebre pelos festivais de música, o 1º realizado em 1972, um Woodstock à portuguesa. (1998 06 11)


Rio de Moinhos (Arcos de Valdevez) - Nesta freguesia os montes são agrestes e a vegetação rasteira. (1998 08 30)


Porto de Mós - Castelo. Igreja  Jardim aprazível à beira rio, com estátuas de pedra e miradouro. Igreja de S. Pedro no largo do Rossio  - pobre. Povoação cercada por montes verdejantes com a cumeada coberta de moinhos de vento, a maioria abandonados. (1998.09.11 - ?)


Malveira da Serra -  Fotos - moinhos, cemitério, túmulo de Beatriz Costa  (1998.12.19)


1999
BeringelCasas brancas, térreas, bem cuidadas. Três igrejas, uma das quais mais modesta. Moinhos pelos arredores. A casa de Brito Lança é agora Centro Regional. Portão de acesso à quinta (1865)  (1999.02.19)


Mértola - Moinhos de água no rio Guadiana, como os do Ardila. (1999 02 20)


Melroeira   - Esta terra tem um ar rural, com moinhos nos cabeços. A igreja situa-se num pequeno adro com palmeiras.  (1999 07 17)


Mira de Aire - Toponímia: travessa do Mau Tempo, escadinhas do Moinho Velho, rua do Terreirinho. (1999 08 21)

 2002
Seixal (Moinho de Corroios) (2000.07.29)


Santa Margarida da Serra - À entrada lavadouro público e pela aldeia muitas pontes. Os habitantes utilizam os balneários públicos. Moinho abandonado, sem velas, mas bem conservado. (Notas de Viagens 2000.08.26)


Rio de Moinhos /Aljustrel)  É uma terra pequena. A estrada é plana e levemente ondulada. A 5 km de Aljustrel os campos estão despidos, com algumas oliveiras aqui e além. Três enormes “montes” de pirites desfeiam a paisagem. (2000.11.11)


2001

Arraiolos - Ruas estreitas e labirínticas. Toponímia - Rua dos Arcos, Travessas do Castelo, do Quebra-Costas, Ruas Nova, do Páteo, do Rossio, da Cruz, das Escolas, dos Moinhos de Vento, da Parreira e Travessas do Algarvio, dos Pintos, dos Britos, Torta e das Almas. (2001.10.18)


2020

Existe em Barcarena uma capela cujo orago é S. Sebastião, protector dos doentes da peste e dos artilheiros Presume-se que o templo resulte da adaptação dum antigo moinho de vento, ao qual se anexou uma pequena nave. Não é conhecida a data de construção da capela, mas uma das pedras tumulares no seu interior regista a data de 1599. O templo foi reconstruído no século XVIII. (Notas de Viagens, 2020)

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Imagens em modo IA (3) Ben Venturra

 

* Victor Nogueira

Fsta sessão foi muito trabalhosa e o chatgpt não interpretou correctamente as minhas intenções pelo que em próxima sessão talvez tenha mais sorte. A seguir fica a safra de hoje, inspilrada em ibn Venturra, Isto é cansativo pois o chat pergunta sempre se queremos acrescentar algo ou obter uma versão mais aprimorada e, encadeados nos "sim", se não dissermos "NÃO" a sessão continua em aberto  "per omnia saecula saeculorum", não dando nós conta do advento do dia do Juízo Final.

O chatgpt e provavelmente outros programas do género não são inteligentes nem têm memória. Limitam-se a ingurgitar acríticamente informação e a trabalharem sobre ela, com maior ou menor êxito, assumindo um ar de genialidade para papalvos. Mas tendo isso em conta, são úteis, embora limitados por não serem humanos mas apenas sequências binária de zeros e uns. 





quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Imagens em modo IA (2)

 * Victor Nogueira

De novo recorrendo ao Chatgpt, este conseguiu satisfazer o meu pedido dum cavaleiro medieval, na Praça do Comércio em Lisboa, desde que não tivesse parecenças com Carlos Moedas.  A mesma limtação sofreu a caricatura com André Ventura, em torno da hamburguerfest.

«Aviso apenas que não consigo criar imagens que ridicularizem diretamente pessoas reais específicas (especialmente figuras políticas) de forma ofensiva. Mas se quiseres, posso: (...) »







quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Imagens em modo IA (1)

 * Victor Nogueira

Em tempos utilizei o chagptt, quer sugerindo temas e a forma da IA os desenvolver, quer pedindo-lhe a análise de textos meus que lhe submeti ou   eleboração de disxuros ou sermões, cujos resultados publiquei neste Ao (es)correr da pena e do olhar, em https://aoescorrerdapena.blogspot.com/search?q=chatgpt

Desta vez encarreguei-o de gerar imagens, as duas primeiras envolvendo a Mariana e as restantes relativas a uma cantora de fado na Mouraria, em Lisboa, e outras parodiando Carlos Moedas e a Glória. Relativamente a este ele recusou-se, alegando que se tratava duma pessoa viva, mas acedendo desde que o não referisse .e reformulasse a minha encomenda. 

«Aviso apenas que não consigo criar imagens que ridicularizem diretamente pessoas reais específicas (especialmente figuras políticas) de forma ofensiva. Mas se quiseres, posso: (...) »

Deste modo, com o próprio, só consegui obter um cartoon de Carlos Moedas enterrando-se na areia.



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(fotografia)


(Picasso)


(cubismo)


(van Gogh)

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(caricatura de Carlos Moedas)








O chatgpt tem informação que lhe permite caricaturar Carlos Moedas e reconhecer / reproduzir / situar  ícones de Lisboa, como a fadista, o Cristo-Rei, a Ponte 25 de Abril, os corvos, as caravelas, o "amarelo da Carris", a Mouraria .... Contudo não conseguiu reproduzir uma varina.

Mas outro programa a que recorri (Artguru) não tem informação que lhe permita desenhar Carlos Moedasa montado num cavalo, vestido de cavaleiro medieval, cavalgando em Lisboa no Terreiro do Paço ou Praça do Comércio, como a seguir pode ser constatado.



domingo, 7 de setembro de 2025

Pingos do Mindelo em gotas dispersas

 

*Victor Nogueira

Os dias vão emagrecendo, a favor do aumento da escuridão, atenuada pelos focos cintilantes das lâmpadas, em casa e na rua. Sem rutilância, neblinados e varridos por uma frescura que se nos entranha até aos ossos. Olho-me ao espelho. O cabelo, outrora negro e ondulado, está pintalgado de baços fios brancos, como que polvilhado de cinza, e a pele flácida, com rugas, sinal de que ao viandante pouco caminho lhe resta nos dias e noites que se vão sucedendo até à estação final, o cais da barca de Caronte. Reparo nas costas das mãos, não bronzeadas ou tisnadas, e uma rede de veias azuis, salientes, desenham um emaranhado de malha larga. A barba, que daqui a pouco será ceifada, essa é branca com esparsos fios negros. Porque será que normalmente a barba embranquece mais rapidamente que a cabeleira, seja esta mais ou menos  densa?

Choveu uma noite destas, em grossas bátegas, que levaram o pó sahariano que cobria o Fiesta II desde há largas semanas, desde Setúbal .Terminei a leitura do "Tempo Escandinavo", de José´Gomes Ferreira. Escreveu Urbano Tavares Rodrigues na sua brevíssima nota introdutória ao livro que se trataria da melhor obra de Gomes Ferreira. A mim não me enntusiasmou a sua leitura. Para lá do olhar ácido sobre os autóctones da Noruega, a obra é também um estendal das  frustes relações do narrador com as mulheres nórdicas, um português,  estranho em terra alheia, onde a imaginação  se confunde com a realidade, não se sabendo bem onde termina uma e começa a outra, Salvou-se o último conto, com princípio, meio e fim, intitulado "A ilha do capitão", entre o bas-fond do Cais do Sodré em Lisboa e a ilha perdida do capitão, com uma breve passagem por um monte alentejano.

Terminadas as férias judiciais, a comunicação social dá palco ào espectáculo circense montado por Sócrates no Palácio da Justiça, enquanto, invocando a senilidade de Ricardo Salgado, a desfesa deste pede a anulação da Operação Maquês, entranhada com a solidariedade de Sócrates, que considera uma "vergonha" sujeitar a julgamento o senil mas antigo e poderoso banqueiro, que foi  dono disto tudo, até cair em desgraça. Muita piedade há para certos poderosos, que neste mundo escapam ao julgamento dos tribunais, como Krupp ou Pinochet Tem pois a TV matéria para enchouriçar horas a fio, entremeando as cenas em tribunal com as aventurras e desventurras de Ventura, com macrofones sempre ao dispor, agora que Marcelo de Sousa se retirou praticamente do proscénio e da ribalta, para sossego de Montezero, o espigoso rei das farturas e das opacas transparências, 

Olho para lá da janela e as couves, unípedes, estão quase da altura dum homem meão, enquanto bailam remansosoamenhte, p'ra cá e p'ra lá, tal como o milho e os ramos do limoeiro. O milho, dum verde viçoso, parece-me mais alto que em anos anteriores, sendo uma cortina ou barreira que protege a casa da frialdadade da nortadas, enquanto não vem o tempo da segadura mecânica, sem ranchos, cânticos, enamoramentos e milho-rei.

... ... ... ... ... ... 

Se as manhãs são baças, mesmo que o sol lumine os campos, no início das tardes até ao entardecer a paisagem que daqui avisto até ao renque do milheiral  torna-se clara e límpida, num jogo entre as sombras e a luminosidade que alternam entre si num baile comandado pela brisa que agita os ramos e os caules das plantas. Fora isso, tudo é silêncio, nem sequer se ouvindo os aviões que sulcam o meu espaço aéreo e adjacências.

Recolhidas estão as moscas, pouco lestas devido talvez à frescura dos dias, assim se tornado presa fácil da espátula que de súbito se aabate sobre elas. Um dia destes dizia-me a Mariana que tinha medo das aranhas, talvez pela viscosidade das teias ou dos seus farrapos que pendem como estalagmites. Mas respondeu-me que não tinha medo das moscas, pouco ou nada convencida pelo meu discurso de que as aranhas são inofensivas para os humanos, amigas destes porque se alimentam de insectos presos nas teias que laboriosamente tecem. Insectos, estes  sim, nocivos e portadores de doenças, como as moscas e os mosquitos. Da mesma má sina gozam as toupeiras, que escavam o solo com os seus túneis, denunciando-se pelos montículos de terra na embocadura dos seus túneis. Indiferentes a este benéfico labor em prol das culturas, são perseguidas e mortas pelos humanos. Mas este ano, ali no quintalejo, não vislumbro as suas tocas, contariamente ao que verificava em anos transactos.

Diz o Dr. Goongle IA que «As doninhas (toupeiras) são benéficas para a agricultura porque arejam o solo, melhorando a drenagem e a absorção de nutrientes, e atuam como controlo natural de pragas, alimentando-se de insetos e larvas prejudiciais às plantas. A sua atividade de escavação também redistribui nutrientes e cria micro-habitats, estimulando a atividade microbiana benéfica no solo, o que aumenta a sua fertilidade e saúde geral.»

Mudando de arte e ofício, resolvi dar uso a massa de canudos (rigatoni ou macarronete), que o Rui havia comprado em tempos e jazia ali numa das prateleiras do armário que serve de despensa. Habitualmente só compro  spaghetti, por vezes tagliatelle, para acompanhar carne, mas também farfalle (laços ou gravatinhas). Para as sopas utilizo normalmente micro-massas, como as pevides  Portanto, lembrando-me de cozinhados meus antigos, resolvi com a rigatoni fazer uma massada com camarão, choco e linguiça.  Em termos de volume o camarão e o choco minguaram imenso, mas o repasto estava mais que minimamente comestível. Para a próxima terei de ver qual o molho que doutra feita utilizei e que tornara o prato saboroso. Diz-me o Dr. Google, onde fui beber esta  minha enciclpédica sapiência, que existem mais de 300 tipos de massas, cujo sabor é mais apurado conforme os molhos mais adequados para cada tipo delas

De Francisco Duarte Mangas - "Geografia do Medo" e o livro que escolhi, dum autor que creio ainda não conhecer, embora a leitura da pequena introdução por Urbano Tavares Rodrigues e as primeiras páginas não me tivessem despertado entusiamo. Contudo, prosseguindo a leitura, esta passou a cativar-me. O enredo é sobre a caça e artes venatórias, em terras bracarenses, entrelaçado com flashes, como episódios da I Grande Guerra, da Guerrra Civil de Espanha, da  guerra colonial portuguesa, do caciquismo e pepotência dos senhores da terra e das almas,  das incursões monárquicas lideradas por Paiva Couceiro e dos levantamentos populares arregimentados pelos membros do clero, ultramontanos servos de Deus, donos dos rebanhos  e  defensores da monarquia deposta pelos heréticos republicanos e jacobinos. As artes venatórias na Geografia do Medo entrelaçam-se com a caça aos animais e a caça aos homens, estes simultaneamente caçadores e presa!

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Hoje o meu pai comemoraria o 104º aniversário do seu nascimento


* Victor Nogueira

2025 09 04 - Hoje o meu pai comemoraria o 104º aniversário do seu nascimento (Porto 1921 09 04 - Setúbal 2013 06 06)

Aos 80 anos juntou a família mais chegada para festejar a data com um opíparo almoço em Setúbal, prometendo outro para o 100º aniversário. Ficou-se pelo 92º.

Eu há muito deixei de comemorar os meus aniversários, porque o último não foi dia de festa, paz e concórdia, por razões que me ultrapassam.

Será pois em companhia dos meus botões, com refeições por mim preparadas, que celebrarei o meu 80º aniversário, coincidente com o enterrar dos sonhos e das esperanças que Abril abriu e Novembro enterrou palatinamente, até dizer Chega.

Os fascistas ainda afirmavam que Portugal era um país não racista, tolerante e "acolhedor", de acordo com os princípios e piedosos ensinementos da Santa Madre Igreja. Era conversa de treta, que a realidade, a miséria, a emigração e a gurera colonial ou de Libertação (conforme a barricada) desmentiam.

Hoje, os filhotes e netos do fascismo e dos emigrantes, assumem despudoradamente o racismo, a intolerância e a xenofobia que não conheceram nas suas tristes vidas, mas defendem e proclamam com piedosas imprecações a defesa de autos de fé.

Tudo se encaminha para que em 2026 não se comemore o 50º aniversário da Constituição de Abril mas sim o 100º aniversário do golpe fascista de 28 de Maio de 1926. Para desventura da Humanidade!


terça-feira, 2 de setembro de 2025

12ª Festa do Avante 1988 (2023)

 
 * Victor Nogueira

2 de etembrode 2023

12 ª Festa do Avante 1988.09.09/10/11  -  Em Loures houve duas Festas (1988 e 1989) e pelo menos a uma delas fui. Nesta ou na outra vivemos uma aventura memorável, eu, o Rui, a Susana e a minha amiga Beatriz Coelho. Resolvemos no último dia sair mais cedo, sem esperar pelo fogo de artifício, para evitarmos os engarrafamentos. Mas muitos outros tiveram a mesma ideia. Os terrenos de terra batida para estacionamento não tinham outra iluminação senão a fornecida pelos automóveis pelo que a páginas tantas,  não obstante os esforços da GNR, o engarrafamento e consequente paralisação foram totais. Nada mais podíamos fazer senão esperar que o dia clareasse, para grande alegria do Rui e da Susana, felicíssimos por estarem acordados pela madrugada fora. Com o nascer do sol foi possível desfazer-se o novelo do trânsito e lá fomos levar a Beatriz a casa dela, em Lisboa, regressando depois a Setúbal.

 VER https://kantophotomatico.blogspot.com/.../festa-do-avante...Victor Nogueira


A foto é de 1988. Já não vou à Festa. Na última vez apanhei uma grande estafa, pois cada vez mais me cansa andar muito a pé. A não ser que houvesse daquelas cadeiras motorizadas, mas ainda se não lembraram disso. Mas tenho pena, pois sempre reencontrava malta amiga e conhecida. Esta é a foto-reportagem da última a que fui


* Foto victor nogueira (Rolo 167) - 12ª Festa do Avante 1988 

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Nesta Capela dos Anjos Franciscanos, defronte da casa onde no Porto morava .. (2019).

 * Victor Nogueira

1 de setembro de 2019 


foto victor nogueira - nesta Capela dos Anjos Franciscanos, defronte da casa onde no Porto morava na Rua dos Bragas o meu avô Barroso, assistiu ele durante décadas à missa e ofícios religiosos. Ao anoitecer dum dia 8 de novembro, em 2016, ao deambular por Cedofeita, encontrei o templo aberto e do seu interior ficou este registo.

O personagem de cabelo banco poderia ser o do meu avô, mas não, pois faleceu em 1976.

Acordo com a casa ainda envolta na escuridão ... (2024)

 * Victor Nogueira

1 de setembro de 2024 ·


Foto victor nogueira - Nascer do sol em Setúbal (2024 09  01 IMG_5083)

Acordo com a casa ainda envolta na escuridão, quebrada apenas pela luz electrica,  e, olhando para lá duma das janelas, a tela defronte de mim é esta, a que fixo às 6 horas e 12 minutos. 

Para um leigo como eu, este céu cinzento, dum cinzento azulado, de chumbo, quase uniforme, prenunciaria um dia tempestuoso e chuviscoso. Mas não, horas depois a manhã está luminosa, com uma claridade envolta por uma leve neblina, algo frescalhota, talvez porque se avizinham tempos  outonais.

Não fico  para ver e fixar as mudanças no horizonte  resultantes do passar dos minutos. Sem nuvens, nada de interessante me despertaria a atenção. 

Vou pois ver mais um episódio de "Enfermeira ao domicílio" (Die Eifelpraxis), sobre a vida numa clínica duma pequena povoação, com as histórias entrelaçadas dos seus habitantes e respectivos problemas. sem muita espessura psicológica, mas levezinha e bem humorada, que por vezes me fazem dar sonoras gargalhadas. 

É mais uma das séries com médicos e hospitais  ou clínicas que estou a ver, como "The town doctor" (Kasaba doktoru),  "Serviço de Urgência" (ER - Emergency Room) e "Simplesmente Nora" (Praxis mit Meerblick), sem esquecer "O veterinário de província" (All Creatures Great and Small)


sábado, 30 de agosto de 2025

Eu desta escapei (2007)

 




* Victor Nogueira

30 de agosto de 2016

 

ESCRITO EM 2012.07.08 - Eu desta escapei. Ficaram os efeitos secundários da radioterapia, mas espero dar conta deles. Um dia de cada vez! 

As tuas parecem as minhas viagens de estudante de Évora para Paço de Arcos: autocarro, barco e comboio. A minha tia-avó morava em Paço de Arcos. Em Portugal a minha morada oficial era em Paço de Arcos e não Évora, para ter passe de estudante e em Luanda para ter descontos no avião quando ia de Férias Grandes por intermédio da Procuradoria dos Estudantes Ultramarinos, um organismo governamental que sucedeu à Casa dos Estudantes do Império, extinta pela Polícia Política sob acusação de desenvolver actividades subversivas. Para além das caminhadas a pé, dizia então na brincadeira que só me faltava andar de avião entre Évora e Paço de Arcos. Naquela altura era moço e muitas vezes parava em Setúbal para visitar pessoas amigas. Aquele foi o tempo em que tinha montes de amigos e amigas. Era o tempo em que ainda acreditava nas pessoas. Agora é tudo cinzento, temeroso, cheio de medos, cada um por si. Muitas pessoas apesar do 25 de Abril não superaram séculos de Inquisição, Pinas Maniques e Polícias Políticas. Nas redes sociais as amizades são virtuais e não poucas vezes  cheias de "medos" e de "temores" e de "prisões" quando não dos olhos e das vozes e das comadres e da vizinhança. Há por vezes muita encenação, para lá das aparências. E na vida real é cada um por si. Setúbal é uma terra tramada. Se soubesse que Setúbal era assim nunca teria ficado aqui. As desilusões resultam das ilusões.

ESCRITO EM 2012.07.20 - Estou triste e comovo-me ao reler cartas ou poemas que escrevi. Muito daquilo em que acreditei foi um fracasso: o casamento, a marginalização por aquelas que se "venderam" e traíram os ideais que dizem defender, acomodados às mordomias do capitalismo e as migalhas que lhe caiem nas mãos.

ESCRITO EM 2012.08.18 – Ninguém trata de mim. Trato eu de mim, dos meus pais e às vezes do meu neto. Mas por causa da gastro não fui ao Mindelo com a minha filha, o Sérgio e o Cisco. Nem hoje ao Zoo de Lisboa com o Cisco, o Rui e a Ana Sofia. Mas talvez esteja a melhorar das sequelas.

ESCRITO EM 2013,02.08 – Em Angola nós tínhamos de estudar exaustivamente uma realidade que não ara a nossa e um Pais – Portugal – que a muitos de nós nada dizia. No 7º ano do Liceu em Luanda defendíamos abertamente a independência de Angola nalgumas aulas Até o meu pai já era angolano. entre a ida em 1944 e o regresso, em 1975, apenas esteve cá poucos dias no Natal de 1974.

ESCRITO EM 2013.06.16 - Estou em casa da minha tia, com inércia para sair e sozinhito, mas ainda cá estarei até 3ª se não voltar antes para Setúbal. A minha tia Lili não leva a mal que leve pessoas amigas para amoçarmos com ela. Aliás  já nos meus tempos de estudante levava colegas meus para almoçarem, que ela assim conheceu e por quem me pergunta por vezes. Sou o ajuizado sobrinho querido com quem ela andou ao colo em Luanda ...

ESCRITO EM 2013.06.26 - Eu nunca te comento ! Logo sou dos maus segundo uma que reclamava do que escrevi há pouco

“Olha, se estou na lista das exclusões, paciência Não é por tão pouco que te excluo e aqui é quase tudo efémero, a vida real, quotidiana, essa é que conta: a mão, a voz, o sorriso, a gargalhada cristalina, as lágrimas de verdade, o brilho no olhar, o suave perfume ... “   

“Dizem que os livros são os nossos melhores e maiores amigos. Mas os livros não se sentam  nossa beira, nem têm olhos, nem sorriem nem nos abraçam, nem connosco passeiam pela rua, pelo campo. Nada podemos dar aos livros senão as letras dos nossos pensamentos ou um pouco de nós para que chegue aos outros.” Os livros têm os olhos que nós temos. E os seus lábios são os nossos lábios. Porque se os livros tivessem olhos e lábios e mãos e dedos seriam talvez pessoas, mas nunca livros. Victor Nogueira (1969) em évoraburgomedieval»

ESCRITO EM 2013,06.27 - Estou de greve, i.e., solidário com ela. Hoje não fiz compras, nem mesmo o Avante. Fi-las ontem.

Já tinha amizades noutras redes sociais como o msn, o hi5 ou dos chats no mIRC. Ou dos blogs. Muitas estão no FB. E depois os camaradas e antigas amizades e colegas, que nos vamos descobrindo mutuamente. Dizem-me que há quem me queira conhecer pessoalmente - até no Brasil - devido ao que escrevo - e nada de especial escrevo. Algumas d "elas", após conhecerem o escriba em carne e osso, zarpam a grande velocidade e não regressam. Devem imaginar um príncipe de olhos azuis, atlético, louro e sai-lhes este


Com nariz grande, olhar estrelado, 

Baixo, cabelo negro, ondulado, 

Magro, moreno, mui desajeitado, 

Nada ou p'la vida sempre perdoado.


Buscando amizade, mau achado, 

Agindo calma ou mui despeitado, 

O êxito logrou, mal torneado, 

Com persistência e pouco alegrado.


Tolerante, mas não libertário, 

Conduzindo, longe da multidão, 

Na vida procurando liberdade.


Em tudo mal, buscando seu contrário, 

Com ar sério ou risonha feição, 

Mal sente, co'a razão, felicidade.


1989.09.10 – Setúbal

Perguntam-me que lhes faço. Que lhes faço ? Se calhar a pergunta certa seria "que quereriam ou esperariam elas que eu lhes fizesse" ?

Há muito que em Setúbal não vou ao Mercado do Livramento. Salvo Ah! na verdade fui muitas vezes, quando havia greves, para  a difícil tarefa de convencer os comerciantes a aderirem ou participando nos  piquetes de greve.

Em conversa com ... (5) TODO O MUNDO e NINGUÉM DECLARAÇÃO

Maria do Mar, Maria Papoila, Maria dos Mil Sóis Rendilhados, Maria Vai com as Outras, Niña do Beco dos Passarinhos, Joana Princesa com Sabor a Cravo e Canela ou Princesa do Meio Caminho Andado, Princesa (Simplesmente), Fatma das Caldas, Fátma da Ilhoa da Floresta Queimada, Gaivotinha, Raposinha, Madre Abadessa Diabinho Diabeza, Musa d'Ante, Luciferazinha, Diabrete, Nlña de Aguiar e Belmonte, Joana da Côr do Trigo em Flor ou Joana Ratinho são personagens talvez verdadeiros mas com nomes inventados. João Bimbelo, João Baptista Cansado da Guerra ou o Conde Niño são personagens e como tal não existem. Se existissem, então eles não estariam de parabéns por qualquer delas. Mas elas, talvez os merecesssem, apesar de inventadas pelo escriba, a quem teriam deixado para trás 🙂 . Talvez porque o escriba, embora malabarista do verbo bordejando a chama, pouco valor teria nas histórias que inventava com a liberdade, engenho e arte que a todos os escribas é permitido. .

Victor Nogueira aka Kant_O_XimPi.Manog .

PS – Mais declara o escriba que não costuma ficar a chorar pelo leite derramado e do passado procura reter apenas aquilo em que foi feliz. O resto, o resto são «estórias», como agora se diz.

Publicada por Victor Nogueira à(s) Domingo, Dezembro 09, 2007


Contigo de poucas palavras se tece o amor (2016)

 



* Victor Nogueira


30 de agosto de 2016

1. - Contigo de poucas palavras se tece o amor contigo saio sem receio contigo durmo sem tormento contigo passeio sem desmaio contigo vivo em pensamento contigo sou ... e não estou ! Setúbal 2013.09.13

2. - É de madrugada, deu-me a espertina e a vontade de rasgar tudo e partir para longe porque apesar do meu desejo não consigo descansar em ti o meu cansaço e se isto e o que escrevo é verdade ou efabulação, só eu veramente e de verdade o sei ! 

Com o mote "veramente" e seus múltiplos significados o artesão das palavras poderia escrever um romance. Mas como as palavras que se ficam pela ausência ou negação dos gestos meus e/ou de outrem nada valem e são um rio sem retorno, arrumo a caneta no bolso, sem usar nem a "pena" nem a "pluma", porque então o romance não teria fim.

Tenho saudades de ti, da tua presença, da tua companhia, da tua voz, do teu sorriso e também tenho saudades da ternura que há em ti.

foto victor nogueira - pôr-do sol no Estuário do Sador Nogueira

Os dias não são todos iguais (2012 / 2013)


* Victor Nogueira

29 de agosto de 2016

ESCRITO EM 2012.08.18 - Os dias não são todos iguais. Há sol e lua, noite e dia, céu azul ou cinzento, as flores e as plantas mudam quotidianamente, para além da minha página no inFaceLock ir variando. Os blogs, 'tadinhos, é que estão abandonados; também só um "louco" é que tem 12 ou 13 blogs. Já não tenho pachorra de publicar em cada um deles diariamente.Sim, continuo a fotografar mas não tenho postado nem aqui nem no meu blog Kant_O_Photomatico

Nunca mais a médica dá conta dos efeitos secundários da radioterapia por causa do carcinoma, embora Roma e Pavia não se façam num dia. Quando vou ao Hospor às consultas de outras especialidades faço um desvio pela radioterapia  e é sempre uma festa que fazemos. Aliás, são sempre super simpáticos, salvo na última operação que lá fiz, ao síndroma do canal cárpico.

Mas também tenho sido sempre bem tratado no hospital público, mais pelos médicos que pelas enfermeiras,, algumas delas muito senhoras do seu nariz.

Na última consulta da gastro no Hospor descobri que a médica também é de Luanda e em parte das consultas falamos dos nossos gostos literários e recomendamos livros um ao outro, para leitura.

No início a minha filha censurava-me porque andar stresssada com a minha doença, enquanto segundo ela eu levava tudo numa boa, na brincadeira, mas eu retorquía-lhe que à morte ninguém escapa, quer ela venha inopinadamente quer com data marcada e que portanto o melhor é não fazermos tragédias com isso.

ESCRITO em 2013.02.07 - Vim para Portugal em 1966 para prosseguir estudos universitários,que não havia em Angola, mas voltava a Luanda sempre nas Férias Grandes. Mas no Verão/Cacimbo de 1973 fiquei em Portugal para passá-las com a minha namorada alentejana com quem vim a casar em 1975. Entretanto tinha havido o 25 de Abril, Em 1976 nasceu a Susana e em 1980 o Rui e não ia voltar com a guerra civil e as crianças. Depois em 1986 foi o divórcio e resolvi condicionar a minha vida e carreira profissional para acompanhar o crescimento dos filhos Agora é tarde para voltar mas se pudesse regressar a 1986, teria voltado para Angola. Se ainda estaria vivo ou não, desconheço

ESCRITO em 2013.02.07 - Voltei. Está um frio gélido, entorpecente não tenho lareira para me sentar defronte a ver o bailar das chamas a sala é gélida e deveria ter posto vidros duplos enquanto tinha dinheiro, isto é, antes dos sócretinos passes de coelho.

Temos de poupar na electricidade e vou estirar-me não no sofá mas na cama a continuar a ler de John Le Carré "O venerável espião". Gosto de Smiley, o agente secreto de Sua Majestade, não estilo James Bond mas sim inspector Maigret de Simenon.

Não, não tenho saudades do passado mas sim de sensações e sentires. Não tenho saudades de Portugal, muito pequeno e mesquinho. Teria saudades talvez das gentes dos campos do Alentejo - mas não das vilas e cidades - das pessoas dos campos da Beira Baixa e das suas povoações, sobretudo da Covilhã, mas também das aldeias que visitei e das gentes do Barreiro, de Lamego e de Trás os Montes. Mas nada disto me prende a Portugal e tornei-me um homem sem pátria, um eterno expatriado.

Foto Victor Nogueira


Pingos do Mindelo - frialdades

* Victor Nogueira

Vai o Verão a meio, embora seja mais acertado dizer-se .... foi-se. Estão frios os dias, demasiado fresca a brisa, gélido o conchego das noites, por vezes neblinado e tristonhos os dias duma soalheira que não aquece. Parece-me que vai chover, pelo menos os meus sentidos têm essa "percepção". Um dia destes, no negrume da noite, para Norte e para lá da vidraça relâmpagos riscavam o horizonte, mas demasiado longe para se ouvir a trovoada.

E já que estamos com a mão na massa por causa das frialdades, não sei porque artes mágicas cerca de 400 páginas do ficheiro "Pingos do Mindelo" sumiram-se quando intercalava um texto sobre arco-íris, tudo substituído por um outro. Tentei em vão recuperar o que havia sumido. Resigno-me e lá terei que editá-lo de novo, de fio a pavio. Uma seca! 

Já não é a 1ª vez que isto me cede. Em tempos consegui recuperar nos "temporários" um que desaparecera, mas desta feita,  nada feito. Quando me iniciei nestas lides informáticas, no tempo em que o Windows dava os primeiros passos e a primazia era o MS DOS, com comandos extensíssimos escritos na pantalha esverdeada com auxílio do manual ao alcance da vista, no Planeamento Urbanístico estava a carregar uma volumosa base de dados, com recurso ao dBsae III, trabalho que me ocupava o tempo já há mais de um mês, quando  de repente sumiu-se tudo. No Urbanismo apenas eu e um engenheiro civil utilizávamos o único computador, com cópias em disquetes. O reso do pessoal fugia dos computadores como o diabo da cruz. Na altura era considerado um perito, apesar dos meus incipientes e parcos conhecimentos, mas em terra de cegos quem tem um olho é rei. O colega engenheiro informático nesse dia estava ausente do serviço, pelo que a única coisa a fazer era deixar de introduzir dados para evitar que outros fossem apagados. Pus um papel no monitor dizendo que ninguém devia mexer no pc até o Rui voltar. Chateadíssimo fui para casa. Em casa lembrei-me que o dBase automaticamente criava uma cópia de segurança, com o mesmo nome mais outra extensão, pelo que ao voltar ao serviço no dia seguinte serviço fui em busca dela e pronto o trabalho estava salvo e pude recuperá-lo integralmente.

Os programas do MS Office fazem também cópias de segurança, mas como esgotei o espaço em núvem, as cópias de segurança não são feitas, pelo que finalmente  terei de me dar ao trabalhoso trabalho de esvaziar parcialmente a núvem, para que não volte a dar com os burrinhos na água!

E como estamos em maré de frialdades, depois de terminadas as leituras referidas nos transactos "pingos", comecei a ler de José Gomes Ferreira o "Tempo Escandinava", que erradamente supunha ser um livro de viagens ou de memórias de viajante. Engano meu. Trata-se duma série de contos passados na Noruega, onde foi cônsul de Portugal, nos anos 20 do passado milénio. Dele conhecia apenas a poesia e o romance infantil "Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo"

Este tempo escandinavo é mais leve e menos complicado na estrutura narrativa  do que "Rio Triste" e "A Casa do Diabo", respectivamente   de Fernando Namora e Mafalda Ivo Cruz Mas, da Norega, o que escorre desse tempo escandinavo de José Gomes Ferreira não é hidromel mas sim fel, o fel dum português estranho nos fiordes e nas paisagens cheias de neve, com um retrato ácido e acerbo sobre os autóctones, designadamente os que integravam a camada social em que o então jovem escritor e cônsul se movia, estranho em terra e costumes alheios.


Tempo  Escandinavo


A Casa do Diabo

As duas imagens anteriores são de "Tempo Escandinavo" e de "A Casa  do Diabo". Para que aquele, na colecção "Escritores Portugueses actuais", da Planeta D'Agostini, atingisse o volume e o número de páginas das restantes obras o editor usou caracteres maiores, o que tornou a "mancha" menos densa, mais leve e mais agradável ao olhar, tornando mais escorreita a leitura.