* Victor Nogueira
31 de outubro de 2011
A manhã está nevoenta e parece ter chovido. Ao alvorecer gaivotas em bandos esvoaçavam defronte à minha casa, em voo elegante, ora batendo as asas com elegância, ora planando graciosamente, demasiado rápidas para conseguir "fixar" o seu voo pela máquina fotográfica. A bola de fogo levantando-se no horizonte estava encoberta pelas nuvens alaranjadas e o estuário do Rio Sado parecia um rio prateado serpenteando languidamente pela planície. Pura ilusão pois o estuário é como se fosse um lago. A manhã está desconfortavelmente plena de humidade, que se infiltra desagradavelmente pelo meu corpo. Neste alto da torre no cimo duma encosta mal se distinguem os ruídos na avenida, lá em baixo, cheia de movimento do trânsito automóvel agora um autocarro depois uma motorizada ou um automóvel, com o ruído de fundo continuo do que parece ser um aparador de relva no Parque Verde. Parece mas não deve ser.
31 de outubro de 2011
A tarde esteve soalheira mas com núvens brancas, o estuário do sado refulgia como se um espelho levemente ondulado fosse e as gaivotas esvoaçavam em terra, sinal de que - segundo a popular sabedoria - haverá tempestade no mar. Mas ... para cada situação, há (quase) sempre um provérbio que afirma o seu contrário ou contraditório. Pescando na Proverbial, convém estar sempre de bem com Deus e com o Diabo, não vá este tecê-las.
é a cantilena
da liberdade súcialista
na pista
da lista súcial
do Grande Capital
é o súcialismo na encosta
são só-ares à guitarra
e alegre em trovão
de portas com a garra
de passes sócretino
seguro no desvão
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
é o ovo da serpente
do povo no laço
armadilha que brilha
a dos rufias em abraço
no estado súcial
do jardim das hienas
das raposas de crista
espora na faena
aos pardais dando alpista
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
é a súcia da bancarrota
manta rota na bagunça
arrota escavaco
e não troca o tacho
flamejante o facho
da santa liberdade
da santíssima trindade
irmandade inquisitorial
espalhando mortandade
em nome do padrinho, do enteado e do espírito santo
na companhia que (a) firma
"É o fungágá
fungágá da bicharada"
É a bota que não vota
e na volta
vem o Estado Súcial
Onde a revolta
de revolução na mão,
pois então ?
31 de outubro de 2011 Bem, morcegos e morcegas, sem outro destino nem companhia, vou para Vale de Lençóis ler, que os braços de Morfeia e Joana Pestana por mim esperam no alto desta silenciosa madrugada, silêncio apenas quebardo pelo zumbido nos ouvidos e pela baque seco e regular da tecla de espaços
31 de outubro de 2013
EM CIMA DO BANCO A BANCA orden(h)a
em cima do banco a banca ordenha
ordena a banca em cima do banco e vai dando a contra-senha
acenando com o tamanco
é vivo o terno da usura
do lumpen-grã-capital
que lixa com lisura
e nos deixa sem bornal
é a troika do gamanço
bem estribada no poial
e assim no desenrascanço
vai destapando … o paiol
pois não há rima que resista
com ali bábá e seus ladrões
são mestres, sacrista,
em nos quererem .., anões.
Setúbal 2013.10.3
31 de outubro de 2016
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foto victor nogueira - mindelo - todo o trabalho tem sido feito rapidamente e por máquinas e tractores. Hoje o tractor gradava o campo enquanto iria lançando a semente à terra. Eis senão quando ao olhar para lá da janela, reparo neste homem dirigindo-se lá para diante, de enxada ao ombro e forquilha na mão. Penso que iria trabalhar o pedaço de terrra em torno do poço onde as máquinas não entram
31 de outubro de 2019
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O separador do Google Chrome hoje afinfa-nos com o Halloween ou Dia das Bruxas. Escreveu outrora Cervantes, pela voz de D. Quixote, que não acreditava em bruxas, mas que as havia, havia.
Eu cá não acredito na sua existência, nem em bruxedos, bruxarias e maus-olhados ou assombrações, embora a crença popular na sua existência tenha ao longo dos milénios levado à morte de muitas mulheres, queimadas em fogueiras.
Célebres ficaram as chamadas "bruxas de Salém" (The Crucible), tema duma peça de teatro de Arthur Miller, denunciando o anticomunismo do que ficou conhecido como "macartismo".
Noutro registo há as bruxas boas ou más criadas por Walt Disney, muitas vezes baseadas em "contos de fadas" de origem popular, por vezes tenebrosos.
Mas as "bruxas" revivem espalhando-se pelas sete partidas do mudo, como mais um negócio consumista para encher a bolsa do capital.
Mas em tempos de igualdade do género, haverá alguém que defenda a criação do "dia dos Bruxos# ou. no rami da doçaria, o "doce do avô" ou os "papos de anjolas"?!
31 de outubro de 2020
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foto victor nogueira - Papagaio na Pastelaria Santa Clara, no Mindelo, onde muitas vezes vou lanchar, ali ao lado da Igreja de S. Pedro. dos Mareantes.
Não aprecio papagaios. Sujam tudo à sua volta, repetem monotonamente frases que memorizaram e por vezes mordem-nos inesperadamente- Na minha vida, para além deste, recordo e do da Ti Maria, no Porto da minha adolescência, e dum que havia na esplanada do entretanto encerrado restaurante O Cantinho do Frade, em Setúbal, ali perto do também demolido moinho do Frade..
Na literatura há também um papagaio célebre, "Flint", de John Silver, o pirata, um dos principais personagens no romance "A ilha do tesouro", de Robert L. Stevenson, um dos romances de aventuras da minha adolescência, da Biblioteca dos Rapazes, da Portugália Editora, conjuntamente com outros como os de Emílio Salgari, Paul Feval, Alexandre Dumas, Mark Twain e Júlio Verne.
Para terminar uma das canções da minha infância: «Papagaio louro»
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