Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNquarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Victor Nogueira ~ Distanciamento
Visto de novo
o hábito de burel
Breve, muito breve, (1)
Foi o teu encantamento. (2)
Hoje
o teu canto está cerrado
Sem ti
a brisa corre
e
com outro sabor o sol se põe
enquanto
diligentemente
as obreiras reconstroem
a máscara de cera transfigurada
como esfinge no deserto esboroada.
Sem entusiasmo
calco no fundo de mim
a revoada de alegria que tu és !
Setúbal 1987 09 10
2012 01 11 - outra versão destes versos seria
(1) Breve, mito breve,
ou
....Breve, muito leve,
(2) Foice o teu encantamento
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