* Victor Nogueira
2 de dezembro de 2012 ·
Foto Victor Nogueira - Setúbal - Ruínas na Vila Maria, antigo bairro operário (como se fora um cenário em estúdio ou no palco)
Sento-me defronte de mim e entre nós o reflexo ou a imagem, baça, esbatida, uma sombra, contorno sem substância, um sabor ígnaro, áspero, rugoso, estranho de mim e o gelo cerca-me, especialmente nos pés. Agarro o pensamento e junto as palavras, um rio pastoso, as mãos frias. Dedilho o teclado, baque seco descontínuo da barra de espaços, um zumbido nos ouvidos. E o rasto de mim é uma carreirinha de signos, formigas no carreiro. Sempre em frente ! (2012.12.02)
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Mia Pires Griff - ...linda imagem!
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Margarida Piloto Garcia - Às vezes a paisagem tem semelhanças com o cenário dentro de nós..
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Isabel Maria - Bom dia Victor!hoje está um belo dia de sol sempre dá para aquecer...o bairro está como nós operárias em ruínas.
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Carlos Rodrigues - Avante, formigas no carreiro, rumo ao Sol, que o cenário é frio.
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Lia Branco - Obrigada pelo belo texto e pela foto! Beijinhos
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Deolinda F. Mesquita - Foto e texto extremamente bonitos e sentidos no momento actual. Obrigada Victor. Bjs
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Belaminda Silva - Linda imagem acompanhada de um belo texto. Beijinhos e um ótimo Domingo 🙂
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Maria Jorgete Teixeira Gostei muito do texto, Victor, pese embora o seu tom disfórico!Beijinhos!
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2 de dezembro de 2013 ·
Dentro do sistema capitalista há algum país "normal"? O que é um país "normal" dentro do sistema capitalista? O "farol" da "Liberdade" e dos "Direitos Humanos" é um "Estado Social" com "Segurança Social" ? Fora da Europa e antes da chamada "crise", quantos países poderiam ser considerados como "Estados Sociais" e qual o peso da sua população abrangida relativamente à população mundial ? O "normal" são a desumanidade e a "anormalidade (des)humana"
2 de dezembro de 2019 ·
foto victor nogueira - Mindelo, 1976
Alexandrina Silva - bonita, deve ter uns bons anos pelo aspecto do carro, o chão, as casas. os homens tem sempre a mesma figura❤️❤️.
Victor Nogueira - Se te referes à foto do Mindelo, sim, é de 1976. Mas ... não percebi essa dos homens terem sempre a mesma figura. Não me parece, p. ex., que eu tenha tido sempre a mesma figura, como podes verificar :.-P no álbum a seguir
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Alexandrina Silva - Queria apenas diizer que a base, a estrtura, não mudou, como as casas e os caminhos.talvez mudassem, mas a mudança é interior , não se vê, sente-se.
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Alexandrina Silva - claro que o corpo se modifica em jovens somos bonitos mais ou menos, mas o curso natural da vida transforma-nos, somos apenas mais velhos, mas somos NÓS MESMOS.a única diferença é que estás com uns anitos a mais, mas isso, tem que ser, e o tem que ser tem muita força.
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Alexandrina Silva - gosto de muitas,, mas tem duas que acho especiais, marquei-as e agora n sei onde estão
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Alexandrina Silva - lembras a marca do carro, ou não era teu?
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Victor Nogueira - Era da minha minha mãe, um Fiat Uno
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2 de dezembro de 2020 ·
foto victor nogueira - Maiorga (Coutos de Alcobaça) chafariz do Estado Novo (rolo 229)
Um minúsculo largo é o centro desta antiga vila, onde se encontram o pelourinho (que lhe dá o nome), a antiga igreja da Misericórdia ou do Espírito Santo, com o seu portal manuelino, hoje desactivada e que foi entretanto escola de música, mesmo ao lado da sede do clube da terra (Sociedade Filarmónica de Maiorga) e do edifício da nova igreja, de S. Lourenço, com o seu adro arborizado, templo despretensioso, com um relógio de sol na fachada principal e um altar barroco.
Neste mesmo largo um fontanário com azulejo de Santo António tem a inscrição de que se trata duma Obra da Ditadura (1933), como aliás consta dum outro mais pobre existente noutro largo, isto sem falar num cruzeiro dedicado Ao Portugal Eterno e num memorial aos combatentes do Ultramar (1993), este no Largo dos Combatentes.
Não obstante estes testemunhos, a rua principal denomina se do 25 de Abril e nela existe uma casa em cuja fachada figura um painel de azulejos representado o aviso Afonso de Albuquerque, talvez o que foi afundado na chamada Índia Portuguesa quando da invasão pela União Indiana. (NOTAS DE VIAGEM, 1998.02.21/22)
2 de dezembro de 2021 ·
Fotos victor nogueira e Américo Ribeiro - Paços do Concelho, Pelourinho, igreja de S. Julião e estatua de Bocage
O actual edifício dos Paços do Concelho de Setúbal é projecto do arquitecto Raul Lino. O edifício primitivo, do século XVI, reformulado no século XVIII, com traça similar à da Casa do Corpo da Guarda, foi destruído por um incêndio quando da Implantação da República.
Com efeito os Paços do Concelho em muitas terras albergavam também os serviços de cobrança de impostos e a cadeia comarcã, para além de aquartelaram a Guarda Municipal. De 4 para 5 de Outubro, cercada e encurralada pela população, a Guarda Municipal abriu fogo sobre os manifestantes, que vitoriavam a República e a Queda da Monarquia, não conseguindo impedir a invasão do edifício e o incêndio subsequente, que destruiu os Arquivos Municipais, reduzindo a cinzas grande parte da História documental do Município.
Foi no Congresso Republicano de Setúbal, realizado nos dias 23, 24 e 25 de Abril de 1909, no antigo Teatro Rainha D. Amélia – hoje o Fórum Luísa Todi – que se decidiu a via revolucionária para a conquista do poder, quando até aí era por muitos defendida uma perspectiva mais pacífica e evolucionista, da conquista deputado a deputado, câmara a câmara, como caminho para a implantação da República.
Programada para ser proclamada a República em 4 de Outubro de 1910, ela veio a acontecer nesse dia nos Municípios de Loures, Moita e Setúbal. A resistência das forças militares fiéis á Monarquia quase fez malográ-la em Lisboa, na sequência do assassinato de Miguel Bombarda por um alienado no hospício e pelo suicídio doutro dos líderes, o Almirante Cândido dos Reis, convencido do fracasso da revolta. Contudo, a resistência dos revoltosos na Rotunda, chefiados pelo comandante Machado dos Santos, em Lisboa, acabou por conduzir á vitória e á implantação da República, proclamada da varanda dos Paços do Concelho de Liboa em 5 de Outubro.
Anteriormente e na sequência do Ultimato Inglês a propósito do Mapa Cor-de-Rosa e partilha de África pelas potências coloniais, ocorrera no Porto a Revolta de 31 de Janeiro , em 1891, o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta fracassou e os implicados foram alvo de violenta repressão pelas forças da Monarquia.
O pelourinho de Setúbal esteve inicialmente colocado na Praça da Ribeira Velha, sendo depois deslocado para o actual Largo do Marquês de Pombal, no Bairro do Tróino.
O pelourinho de Setúbal é uma estrutura em cantaria de mármore, composta por soco quadrangular de dois degraus, onde se ergue um pedestal prismático com inscrições, sobre o qual assenta coluna de fuste cilíndrico, capitel coríntio encimado por pinha cónica, com ferro terminal trespassando três esferas muito deterioradas.
No pedestal lêem-se as seguintes inscrições: A S.: "Este pelourinho se mudou da Praça Ribeira para esta real no Anno de 1774"; a N.: "E por decreto de S.M.F. nomeado inspector das obras públicas desta villa José Bruno de Cabedo Coronel do Regimento e governador da praça Director destas João Vasco Manuel de Braun sargento-mor da mesma Engº e comandante d'artilharia"; a E.: "Por ordem do Illmo. e Exmo. Sor. Marquez de Pombal do Conc. de Estado"; a O.: "Tudo Executado por despeza da Camera desta Villa, sendo juiz de fora, Liandro de Souza da Sylva Alcoforado".
2 de dezembro de 2012 ·
Foto victor nogueira - Perafita (Matosinhos) - Centro Comercial
Foi o Rui que me chamou a atenção para o design deste centro comercial, imitando contentores, ali a dois passos do porto de Leixões. Para além disto, trata-se dum centro comercial que se estende num único e extenso piso, fazendo-me vir á memória as povoações rurais do interior dos EUA, retratadas em inúmeros filmes e séries televisivas.
Mas se repararmos bem no interior de supermercados em edifícios isolados, estes não são mais que enormes contentores, onde se alinham e cruzam corredores de prateleiras, melhor ou pior disfarçados pela decoração, minimalista ou mais ou menos exuberante.
Elisabeth Duarte Portugal de Antigamente
28 de novembro de 2022 ·
1954 - Portugal
A moda das sombrinhas abertas todo o ano para proteger as senhoras de olhares indiscretos...
Foto de Peter Fink
Fundação Cx G. Depósitos
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Carlos Barradas Teixeira - Aqui talvez seja para proteger do sol e do calor, não?!!
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Victor Nogueira - Também penso o mesmo. Mas o que me interessou foi a foto a preto e branco. No longínquo ano de 1966, quando vim para um país que não era o meu para frequentar Economia, que não havia na recém criada universidade em Angola, havia muito poucos automóveis, mesmo em Lisboa, e a maioria ou andava a pé, de bicicleta ou em transportes públicos apinhados. E as carroças puxadas por uma alimária, como a da foto, eram muito comuns nas estradas e povoações neste país á beira-mar prantado, onde dizem que a terra acaba e o mar começa!
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Carlos Barradas Teixeira - Victor Barroso Nogueira agora a esta distância percebemos como este país rural era atrasado!!
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Victor Nogueira - C Manuel B Teixeira Talvez imagines o meu suplício ao descer a Calçada da Estrela rumo a Económicas no Quelhas, enregelado, mal conseguindo falar ou escrever, ainda noite cerrada, com os guarda-nocturnos e as alimárias que puxavam as carroças deitando "fumo" pela boca e pelas narinas! E as larguíssimas ruas da Baixa Pombalina eram ruelas comparadas com as avenidas e ruas de Luanda! Fora da Universidade, tudo era muito pequeno, mesquinho e cinzento.
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Carlos Barradas Teixeira Victor ainda me lembro em algumas noitadas no Bairro Alto de regresso a casa pelas três da manhã de ver um carro de bois carregado de vegetais em direção à Praça da Ribeira!!
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2 de dezembro de 2023 ·
Foto Victor nogueira - Mindelo e a sombra da oliveira, plantada pela Susana a long time ago (2023 12 02 IMG_3633)
Quando o meu avô Barroso comprou este terreno e começou a construir esta casa, no final da década de 60 do passado milénio, tudo isto eram campos agrícolas e poucas casas existiam neste loteamento. Havia apenas electricidade, mas não abastecimento de água pela inexistente rede pública ,nem saneamento básico. Cada casa tinha a sua fossa séptica, que periodicamente tinha de ser esvaziada para autotanques; a água, essa era era extraída de poços, cada vez mais inquinados com o passar do tempo. Só decorridos muitos anos a Câmara socialista criou a rede pública para fornecimento de água e só muito recentemente concluiu a rede de saneamento básico
Este sábado o tempo esteve soalheiro mas dum sol gélido, outonalmente invernal, que não aquece nem o corpo nem a alma, esfarelando os ossos até ao tutano, com as mãos e os joelhos reclamando aquecimento. Nas leiras nas traseiras desta casa voltar amos pombos em revoadas, buscando no solo alimento, como habitualmente
Na foto vê-se o poço, coberto com uma laje de cimento armado, circular, e a casa da bomba de água, com a qual se rega a horta e o jardim, no quintalejo, embora o precioso líquido já vá rareando, deixando por vezes os poços em secura.
Hoje almocei a horas decentes, embora acabasse por não sair; bifinhos de cebolada com arroz de manteiga e cenoura ralada. Como sobremesa, maçã reineta.
Prossigo a leitura de “O assassino”, que não me está emocionando por aí além, Cada álbum tem uma história independente, embora tenha descoberto o fio que as liga, uma traição/armadilha que durante um serviço quase despachou o assassino, que ao longo dos vários álbuns subsequentes procura desenredar o fio à meada!
A leitura é um dos meus passatempos, para lá das notícias on line. Sem propósitos de exaustão, várias peças de teatro: “Corpo-delito na sala de espelhos” e “O render dos heróis”, de Cardoso Pires, “As mãos sujas”, de Sartre, “A mandrágora”, de Maquiavel, “In nomine Dei”, de Saramago, “As mãos de Abraão Zacute”, de Sttau-Monteiro. Entre os romances, “Sorge, o espião do século” e “A noite dos generais”, de Hellmut Kirst, “Conselho de Guerra” e “Os carros do Inferno”, de Sven Hassel, “O ano da seca”, de Victor Álamo de la Rosa, “O espião que saiu do frio”, de Jonh Le Carré, “O homem que via passar os comboios”, “O comboio de Veneza” e “Os sinos de Bicêtre”, de Simenon. Este último romance é sobre a lenta recuperação dum homem que vai saindo do coma após um ataque cardíaco. Daí resolvi ler pela primeira vez, de Cardoso Pires, um livro deste sobre a sua lenta recuperação dum AVC: “De profundis, valsa lenta”.
A maioria destes livros já os tenho em Setúbal, sendo o que me coube dos espólios do meu tio Josè João ou da minha amiga Rolanda Campos, falecida no passado mês de Julho.
Resta a banda desenhada. Para além de “O assasslino”, que estou a ler à medida qe semanalmente é publicado um novo álbum duplo. Da VII Série da Novela Gráfica Público/LeVoir li “Moby Dick” , de Christophe Chabouté, “Léa Não Se Lembra Como Funciona O Aspirador “, de Gwangjo e Corbeyran, “Estampas 1936”, de Felipe Hernández Cava e Miguel Navia, “Primo Levi”, de Matteo Mastragostino e Alessandro Ranghiasci, e ”Alexandra Kim”, de Keum Suk Gentry-Kim.
Normalmente as histórias em banda desenhada ou quadrinhos são estáticas, embora com várias técnicas possa ser dada ao leitor a ideia de movimento. Em “Moby Dick”, baseado no romance de Herman Melville, a narrativa, como se cinematográfica fosse, está em constante movimento e cada vinheta, na expressividade e diversidade seu enquadramento e desenho, a preto e branco, faz jus à máxima de que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Também expressivo é o desenho, a preto e branco, de “Estampas 1936” baseado na Guerra Civil Espanhola; cada conjunto de pranchas constitui como que uma história independente, ligadas pelo fio condutor do conflito. As restantes histórias são estáticas, sendo duas delas biográficas, a de Primo Levi e a de Alexandra Kim, esta uma revolucionária coreana que com o apoio de Lenine e da Rússia Bolchevique, desenvolveu a sua acção no seu país natal, então ocupado pelos japoneses e por estes executada.
Mas ainda me falta ler alguns dos dez álbuns desta VII Série da Novela Gráfica Público/ LeVoir.
2 de dezembro de 2024
Foto victor nogueira - outono desfolhado (2924 09 04 IMG_5224)
Quando, Lídia, Vier o Nosso Outono, de Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa)
Quando, Lídia, vier o nosso Outono
Com o Inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o Estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa —
O amarelo actual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
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