Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Letras empilhadas, ano após ano, em Dezembro, 27, (re)colhidas em 2024

 * Victor Nogueira  

27 de dezembro de 2011

"Porto" - três significados, duas interpretações

Maria Jorgete Teixeira

Conheço bem estes três significados: o porto de abrigo, o Porto, cidade/sentida pela pena de Carlos Tê e interpretação de Rui Veloso e o Porto Côvo, aldeia onde tantas vezes estive, terra onde fui feliz, mas onde passei também alguns dos dias mais dolorosos da minha vida. Mas sem mágoas já.

13 a

Victor Barroso Nogueira

Durante muitos anos fiz inquéritos [Inquérito Permanente ao Emprego] para o INE para compensar os meses em que estava como professor sem trabalho e com família constituída, entre 1977 e 1981. Percorri assim todo o Distrito de Setúbal, desde a Margem Esquerda do Tejo até Cercal do Alentejo. Por alguns lugares fiquei apaixonado - Alcochete e a sua marginal, Barreiro Velho, Cabo Espichel, Nossa Senhora da Atalaia, S. Francisco da Serra, Santiago do Cacém ... Mas Porto Covo foi um baque, ao fim daquela estrada estreita e rectilínea, desemboquei naquele largo depurado, então tipicamente alentejano de casas brancas debruadas a azul e um enorme silêncio. Um encanto renovado durante cinco anos, tantos quantos duravam as visitas anuais aos fogos selecionados, findos os quais eram escolhidos aleatoriamente outros. Nunca mais lá voltei !

13 a

27 de dezembro de 2012  · 

A mim o face nada pergunta. Mas tb quem me lê não me lê, de facto. Basta ver as minhas duas últimas fotos da minha cronologia. as do poema "sentir" e do moinho ao nascer do sol.

Nandinha Monteiro

Secalhar não pergunta porque não lhe dizes nada ? hehehhe a mim está sempre a perguntar, como estás? que se passa Nandinha?? lolllllllll

12 a

Victor Barroso Nogueira

Pois ...

12 a

Deolinda F. Mesquita

Só pergunta as meninas.

12 a

Victor Barroso Nogueira

Ah ! Malandreco, o inFaceLock

12 a

Nandinha Monteiro

hehehheh

12 a

Nádia Patricia

LOL

12 a


David Mourão-Ferreira - Abandono (Fado de Peniche), por Amália Rodrigues

27 de dezembro de 2012 
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Público
Abandono ou Fado de Peniche
David Mourão-Ferreira
Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar
Levaram-te a meio da noite
A treva tudo cobria
Foi de noite numa noite
De todas a mais sombria
Foi de noite, foi de noite
E nunca mais se fez dia.
Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.

Deolinda F. Mesquita
Penso muitas vezes .... os tipos não sabiam ler deixaram passar este poema lindíssimo na tristeza que encerra,
12 a


Rio Grande - Postal dos Correios


António Jacinto - Carta de um contratado

27 de dezembro de 2014  · 

foto victor nogueira -  MARCO DO CORREIO  em Beja e dois poemas - "Postal dos Correios" e "Carta de um Contratado"

 Fernando Lúcio

Recordar é viver, que saudades de receber postais de boas festas, na época natalícia. (Bom Ano Novo.)

10 a 

Bessa-José Bessa

Excelentes mensagens (postal e carta).

Bom Ano Novo. Que nunca se atrase o Correio.

10 a


27 de dezembro de 2016  · 

foto victor nogueira - felina inspecionando as prendas na noite de Natal em casa da Teresa

27 de dezembro de 2020  · 

foto victor nogueira - Praça de Bocage, em Setúbal, na gélida noite de 2020.12.25, com raros transeuntes, mais ou menos vagarosos, e com a esplanada dum antigo café, o único aberto, cheia de clientes.  Gabo-lhes a bizarria, apesar de alguns estarem no seu interior, aconchegados da frialdade externa.

27 de dezembro de 2022  · 

Foto victor nogueira - Rua do Freixo, no Porto (2022 11 01 IMG_0570)

Ampliando a foto, descobri que nela, à esquerda,  aparece um “Café Amarantino”. Pesquisando, verifiquei que se localiza na Rua do Freixo, nº 1695. 

Ao contrário do que sucede por exemplo em Setúbal, o Porto tem ruas com extensões quilométricas mantendo a mesma denominação, partindo do princípio que a cada metro corresponde um número de polícia.

Pela foto o estabelecimento nada aparenta de notável, mas na sua página na internet aparentemente desmente as aparências. Valerá a pena acreditarmos na auto publicidade?

«’Se estiver à procura dum café acolhedor para passar uma tarde relaxada, passe por cá. O nosso café Café Amarantino tem um atendimento simpático, uma belíssima atmosfera e muito espaço para tomar café, comer qualquer coisa ou embrenhar-se no seu livro favorito. Sinta-se em casa! Excelente café com uma ampla seleção de bebidas.

Será um prazer brindá-lo com iguarias tradicionais e portuguesas preparadas na hora pela nossa equipa. Somos famosos pelos nossos ótimos pratos locais e pelos nossos diversificados pratos regionais. Sinta-se bem no nosso espaço e saboreie os nossos pratos de tapas saborosos com uma chávena de café boa – temos todo o gosto em ajudar na escolha. 

As nossas tortas confecionadas com carinho ou os nossos deliciosos bolos vão seduzir os nossos convidados em momentos de pausa. Saboreie o seu pequeno-almoço connosco! Wi-Fi gratuita para que os nossos clientes possam navegar comodamente na Internet. Temos uma área especial onde pode fumar com toda a tranquilidade. Estamos à sua espera! Apareça quando quiser

27 de dezembro de 2022  · 

Auto-retrato no Mindelo, numa soalheira manhã com amena temperatura, vislumbrando o céu entre o azul e o cinzento, sobre os campos verdejantes para lá da vidraça, rodeado pelo silêncio, depois de ouvir o Concerto nº1 para piano, de Tchaikovski, no leitor de CD's, em 2022 12 27. 

Regressaram as aves, que em voos planados passam no horizonte. É tempo de ir almoçar:, estufado de coxas de frango ou de galinha  com arroz de tomate.  Para o jantar ficará a sopa de abóbora, produto ali do quintalejo.

Para o almoço a companhia musical será mais serena: dois dos imoromptus ou improvisos de Schubert, para piano.

EM TEMPO – Tchaikowski surge nas minhas cartas do meu exílio em évoraburgomedieval.

*** A tarde está tristonha. Dos alto-falantes do gira discos saem as notas da "Rapsódia Húngara" de Liszt. .

Não há dúvida que o piano é um instrumento agradável de ouvir. E a Rapsódia Húngara nº 6?!  Dá uma sensação de afirmação persistente, que nunca se quebra. Mas uma das minhas composições preferidas é o "Concerto para piano, nº 1", de Tchaikowski.  (NSF - 1970.03.21)

À "Rapsódia Húngara" de Liszt (o piano é maravilhoso!) junta-se o chilrear dos pássaros no telhado, o ronronar duma avioneta pelos ares e o ruído abafado do trânsito na Praça do Giraldo, aqui a dois passos. (NSF - 1970.05.17)»

*** «Ouço o Concerto nº 1 para piano, de Tchaikowski. Os sons desprendem-se em cavalgada, saem do piano pelo alto-falante, umas vezes de mansinho, outras violentamente, elevam-se, envolvem-nos, penetram em nós e arrebatam-nos. Neste momento os violinos dialogam com o piano, tentam impor-se-lhe, este assemelha-se a um riachozito saltitante. A voz daqueles eleva-se, tentam emudecê-lo. Os violinos perdem a sua delicadeza, tornam-se autoritários. Abafam o piano, o frágil, quem diria, piano! Veio a calma. Lentamente, a medo, uma flauta tenta quebrar o silêncio. Outras vozes vão-se-lhe juntando. Violinos e piano restabelecem o diálogo, secundados por outros elementos. Há uma quietude no ambiente. Uma voz grave, que não identifico, surge. O piano saltita pelo riacho, de pedra em pedra, apressa-se, corre ligeiramente pelos prados. Os outros seguem-no. Os sons misturam-se, elevam-se em cascata. O diálogo repete-se serenamente, em espiral. Termina mais uma cena.

Silêncio. Violência. Brusquidão. Violinos e piano defrontam-se de novo. Implacavelmente o piano tenta impôr-se. Consegue, com alguma luta. Os violinos aceitam a derrota e rendem-lhe homenagem. Ele aceita-la do alto da sua vitória. Os sons ora dialogam, ora competem entre si. Os violinos são os árbitros. Parece que nada mais pode deter o piano, soltito, com ternura, com delicadeza, umas vezes, com altivez, outras. Ah! os outros silenciaram-no.  Mas ele debate-se, liberta-se, corre, surdo à majestade dos violinos. Está sozinho. É perseguido, tenta fazer-se ouvir. Mas é tarde! Este final soberbo, empolgante, arrebatador! (NSM - 1969.01.23)

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Joana Espanca Bacelar

Adoro Schubert! Oiço muitas vezes....

Estás com ar satisfeito! 👌

2 a

Victor Nogueira

Joana Espanca Bacelar Agora já consegui ultrapassar as minhas inibições e já consigo "representar", olhando em frente, desassombradamente, para a cintilante luzinha verde do PC (entenda-se, personal computer)

2 a

Joana Espanca Bacelar

Victor, a experiência faz milagres.... 😄😄

2 a

Victor Nogueira

Joana Espanca Bacelar Tinha dez anos em Luanda quando fui designado para interpretar o "Príncipe das mãos vazias," um texto do livro de leitura, na récita da 4ª classe, e parece-me que nos ensaios desempenhava bem o papel. Mas, quando chegou o dia da representação pública deu-me uma branca e esqueci as minhas falas. Fiquei imensamente aborrecido por todos me aplaudirem, apesar do meu fiasco clamoroso.

Remeti-me ao silêncio até que decorridos 10 anos pedi a palavra num plenário de estudantes, em Económicas, em Lisboa. Meti os pés pelas mãos, não dise coisa com coisa e calei-me com uma enorme frustração:

Depois disso ganhei calo e passei a ser capaz de "enfrentar" audiências de largas centenas de pessoas, por vezes aplaudido pela assistência LOL.

2 a

Joana Espanca Bacelar

Victor Barroso, só te conheci quando já eras um grande comunicador e com sucesso. Um líder...

Desconhecia até, das tentativas falhadas 😄

2 a

Victor  Nogueira

Joana Espanca Bacelar Gracias pela gentileza 🙂

2 a

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