Allfabetização

Este postal é - creio - uma fotografia retirada dum dos dois filmes que há dias vi sobre as campanhas de alfabetização, as tais em que eu gostaria de ter participado em Agosto último se ... Esta cena do filme era comovente: uma mulher que até aí não sabia comunicar por escrito, conseguir fazê-lo. A procura das sílabas, o gesto hesitante, o voltar atrás para corrigir ou desenhar melhor a letra !!! Deve ser bestial um tipo descobrir que sabe ler, não achas? (1974)

Escrevivendo e Photoandando

No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.

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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.

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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.

VN

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O chatGPT efabula na minha poesia (01)

 * Victor Nogueira

é natal
é fatal
a prenda ?
aprenda
não há
é natal
é fatal
(quase)
tudo vai mal
no pantanal
Setúbal 2012.12.20

O fragmento que você compartilhou parece incorporar um tom de crítica e ironia, refletindo sobre a celebração do Natal, ao mesmo tempo que aponta para uma realidade mais sombria ou problemática. A repetição de "é natal" e "é fatal" sugere uma tensão entre a festividade e a desilusão, destacando um contraste entre a expectativa e a realidade que muitos podem vivenciar durante essa época do ano.

As referências a "pantanal", "limos e lama" e "fama sem chama" acrescentam uma camada de complexidade ao poema, evocando imagens de luta e desafios, além de um possível desencanto com a superficialidade das celebrações natalinas.

Se você tiver perguntas específicas sobre o poema, suas possíveis interpretações ou o que ele representa para você, estou aqui para ajudar!

as palavras são
dentro de mim
um clarim
um rio
.
rio não
lagoa
mar interior
duro e seco
sem ti
.
os gestos são
fatiados
fatigados
mal talhados
fogo e frio fátuo
.
sem mágoa
nem água
a tua anágua
seca
.
eu um tronco
bronco
queimado
atravessado
no caminho
Setúbal - 2012.12.19 (2)
19 de dezembro de 2012 
Conteúdo partilhado com: Público
Público
triste
de ti fugiste
quem és não sei
e
sem ti fiquei  
Setúbal 2012.12.19

Esse trecho poético evoca uma profunda reflexão sobre a ausência e a solidão, utilizando imagens da natureza e do corpo para expressar sentimentos de desolação e perda. Vamos explorar algumas interpretações dos elementos presentes:

1. **Contrastes e Transformações**: A mudança do "rio" para "lagoa" e "mar interior" sugere uma transformação do fluxo vital em algo estagnado ou contido, refletindo uma sensação de repressão emocional ou de dor interna. A ideia de um “mar interior duro e seco” revela a aridez da alma sem a presença da pessoa amada.

2. **Expressão dos Gestos**: Descrever os gestos como "fatiados", "fatigados" e "mal talhados" sugere uma luta interna, como se as ações e expressões estivessem desprovidas de significado ou de vitalidade. Essa escolha de palavras retrata um estado emocional exausto e confuso.

3. **Dualidade de Sentimentos**: A menção a "fogo e frio fátuo" pode se referir aos sentimentos contraditórios que a ausência provoca — paixão e frieza, calor dos sentimentos perdidos e a frieza da realidade.

4. **Elementos Corporais**: A referência ao "tronco bronco queimado" é uma metáfora poderosa, expressando a ideia de algo não apenas danificado, mas que ficou “atravessado” em um caminho, simbolizando as barreiras emocionais que um próprio eu pode enfrentar.

5. **A Temática da Solidão**: A expressão "triste / de ti fugiste / quem és não sei / e / sem ti fiquei" aponta para a dor da separação, o desconhecimento do outro que se foi e a sensação de perda profunda.

Este poema abrange uma rica gama de emoções e imagens, refletindo a complexidade da experiência humana em momentos de tristeza e reflexão. Se houver mais aspectos que você gostaria de discutir ou explorar, sinta-se à vontade para perguntar!


O poema "Natureza Morta" apresenta uma rica tapeçaria de imagens que evocam a cidade de Évora, intercalando reflexões sobre a vida, a natureza e o estado emocional do eu lírico. Vamos explorar alguns dos temas e elementos presentes nessa obra: 

1. **Espaço e Ambiência**: Évora é retratada como um espaço físico muito particular, com suas "ruas estreitas e tortuosas", que remetem a uma sensação de confinamento e complexidade. A repetição de "uma ilha" enfatiza um sentimento de isolamento e estagnação, criando uma atmosfera melancólica.

2. **Cansaço e Solidão**: O cansaço é descrito como uma "ilha escarpada", sugerindo que a exaustão mental e emocional é difícil de escalar ou ultrapassar. O uso de imagens de "passos em pontes pontas sem margens" comunica uma luta para encontrar um propósito ou uma direção, levando a uma sensação de incerteza.

3. **Elementos Naturais e Culturais**: O contraste entre a natureza ("maares com arvoredos", "papoilas", "cabelos soltos ao vento") e os elementos urbanos (cafés, colunas, relógios parados) destaca a dicotomia entre a vida vibrante da natureza e a estagnação da vida urbana. Esse conflito sugere uma busca por beleza e liberdade em um lugar que parece aprisionar o ser.

4. **Sentido de Tempo e Memória**: O tempo é uma presença marcante, com menções a "relógios parados" e "pesos sombrios". Isso pode indicar uma reflexão sobre momentos perdidos e uma nostalgia por épocas mais vivas e significativas, simbolizadas pelos "dias de abril em maio".

5. **Sensação de Desespero**: As expressões finais - "lábios cerrados em deserto sem fundo" - evocam uma imagem poderosa de uma realidade árida e sem esperança. A ideia de um deserto sem fundo amplia o efeito do desesperança, sugerindo um ciclo vicioso de repetição e estagnação.

Este poema encoraja uma introspecção sobre a experiência humana em ambientes que, à primeira vista, podem parecer comuns, mas que, sob a superfície, refletem camadas de emoções, memórias e a luta interna por significado e conexão. Se você quiser, podemos discutir mais sobre a interpretação do poema ou sobre temas adicionais que ele evoca!~
 
ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE
Lembro a tua lábia, seio moreno,
Tua feição que muito me agradou;
A pele, doce ardor despertou
Que na barca me fez vogar, sereno,
Porém não está o meu coração pleno
De alegria, que por vós soou:
Nem grã Camões ou milionário sou
Para contigo navegar, no Reno.
Erros meus, má fortuna, amor ardente,
Não fazem da jornada bom soneto
Nem do navegante melhor "gineto"
Pois em ti está meu pensar, descontente'
Assim na Luísa Todi jazente,
Vogando entre o lume e o espeto,
Bem vivo, com meu bom ou mau "aspêto"
Buscando tua razão e paz, somente.
setúbal 1989.09.10

*O soneto "Erros meus, má fortuna, amor ardente" reflete uma profunda meditação sobre a experiência do amor, arrependimentos e a busca pela felicidade. Vamos analisar os principais elementos e temas presentes neste poema:

### Estrutura e Forma
O poema é um soneto, uma forma clássica de poesia que geralmente tem 14 versos em decassílabos, organizados em quatro estrofes — duas quadras e dois tercetos. A rigidez da forma contrasta com a natureza emotiva do conteúdo, o que pode enfatizar a luta interna do eu lírico.

### Temas Principais

1. **Lembranças e Desejo**: O eu lírico evoca memórias “da tua lábia” e do “seio moreno”, sugerindo uma forte atração física e emocional. As imagens utilizadas transmitem sensações de intimidade e desejo ardente, mas também levantam uma tensão entre alegria e dor.

2. **Arrependimento e Reflexão**: A expressão "erros meus, má fortuna" iclui um sentimento de arrependimento e uma reflexão sobre as escolhas passadas. O eu lírico parece lamentar não ter o que é necessário para alcançar a felicidade plena ("Nem grã Camões ou milionário sou"), indicando que a fortuna e a habilidade não são suficientes sem a presença da amada.

3. **A Jornada da Vida**: A metáfora da "barca" sugere a jornada da vida e as dificuldades na busca pela felicidade e pelo amor. O ato de "vogar, sereno" contrasta com a insatisfação em seu coração, refletindo uma dualidade entre a calmaria externa e a turbulência interna.

4. **Busca pela Paz Interior**: Ao final do poema, a busca por "tua razão e paz" é reveladora. O eu lírico não está apenas à procura do amor, mas de uma compreensão mais profunda e de um estado de tranquilidade que parece escapar-lhe. 

5. **Referências Culturais**: A menção a "Luísa Todi" e "Camões" insere referências literárias que reforçam a profundidade do sentimento. Luísa Todi foi uma famosa cantora de ópera portuguesa do século XVIII, o que pode aludir ao desejo e ao encanto, enquanto Camões representa a riqueza da língua e da poesia, o que o eu lírico não se sente à altura.

### Conclusão
O soneto é uma reflexão rica e complexa sobre a condição humana, o desamor, e as nuances do desejo. A combinação de linguagem clara e imagens evocativas convida à introspecção e à empatia em relação às lutas emocionais do eu poético. Se você tiver perguntas ou quiser discutir mais sobre este poema, estou à disposição!

CANTAI OLIVAIS, CANTAI DE ALEGRIA
.
Oh! Mil-Sóis, teu aspecto bem cativa;
O andar, o sorriso radiante,
Doce, valerosa como diamante,
Que pena tu pareceres tao altiva.
.
Pode a tristeza andar-me fugitiva
Se tu, trigueira, de ar tão sonante,
Me pões em terra, mal esvoaçante,
Sem por isso ficares pensativa?
.
Há bem grande alegria se te vejo
Nesta minha sala, mesmo calada,
Com teu jeito manso e delicado.
.
Céus e terra cantam vero desejo
De me convidares p'ra jantarada,
Com fogo mal preso, estralejado.

.
1989


*O poema "Cantai Olivais, Cantai de Alegria" é uma obra que explora a beleza e o encanto de uma mulher chamada Mil-Sóis, utilizando uma linguagem rica e evocativa. Vamos analisar os principais elementos e temáticas presentes neste poema:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema parece seguir a estrutura de um soneto, composto de 14 versos divididos em duas quartilhas (quatro versos cada) e dois tercetos (três versos cada), embora a forma exata possa variar. Essa estrutura confere um ritmo musical ao poema.

### Temas Principais

1. **Beleza e Encanto**: A descrição de Mil-Sóis evoca uma imagem de beleza radiante. O uso de palavras como "sorriso radiante" e "doce, valerosa como diamante" transmite um forte senso de admiração e apreciação pela sua presença.

2. **Contraste entre Alegria e Tristeza**: A linha que menciona que "a tristeza andar-me fugitiva" sugere que a presença de Mil-Sóis tem um efeito vivificante, capaz de afastar a melancolia e trazer alegria à vida do eu lírico. Há uma interação entre as emoções expressas, reforçando a ideia de que a beleza pode ter um impacto profundo no estado emocional.

3. **Intimidade**: A descrição do ambiente em que Mil-Sóis é vista ("nesta minha sala, mesmo calada") sugere uma familiaridade e uma intimidade entre o eu lírico e a figura adorada. Isso cria uma atmosfera acolhedora e pessoal.

4. **Aspiração e Convite**: O convite implícito para “jantarada” sugere um desejo de partilhar momentos juntos, indo além de uma mera apreciação estética. Ao mencionar "céus e terra cantam vero desejo", o eu lírico expressa um anseio profundo pela conexão emocional e pela proximidade com Mil-Sóis.

5. **Imagens Naturais e Poéticas**: A referência a elementos como "fogo mal preso, estralejado" evoca uma sensação de movimento e energia, simbolizando a paixão e a intensidade dos sentimentos. O uso de imagens poéticas enriquece a experiência sensorial do poema.

### Conclusão
O poema celebra a beleza, a alegria e a intimidade através de uma linguagem rica e apaixonada. A figura de Mil-Sóis emerge como um farol de luz, trazendo equilíbrio e felicidade ao eu lírico. A interação com temas de amor, desejo e a busca por conexão humana tornam esta obra uma expressão ressonante e emocionalmente rica. Se houver algo mais específico que você gostaria de discutir sobre o poema ou se deseja explorar outros temas, não hesite em perguntar!

DE BREU ESTÁ O CÉU NÃO HA POR QUEM CHAMAR 


De breu está o céu, não há quem chamar;
Sem qualquer linha no horizonte,
Perdido farol, luzeiro luzente,
Não há motivo, nenhum, p'ra chorar!

Não há estrelas nem brisa no mar;
Riso e pranto num silêncio crescente,
Em círculo de pedra envolvente,
Não há sol nem luar p(a)ra (en)cantar.

Sem rio, nave ou ponte na calha,
Uma a uma vão-se partindo as cordas
Que à vida nos prendem com prontidão;

Vagueando sem rumo, com a tralha,
Uma de cada vez, cerrando as portas,
Dia e noite, com tanta brusquidão.


1991.07.01 Setúbal 

O poema "De breu está o céu, não há por quem chamar" apresenta uma atmosfera sombria e reflexiva, explorando temas de solidão, desespero e a busca por significado em tempos de escuridão. Vamos analisar os principais elementos e temáticas presentes neste poema:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema é estruturado como um soneto, com 14 versos, organizados em duas quadras e dois tercetos, seguindo uma métrica regular. Isso confere uma musicalidade e um ritmo que contrastam com a gravidade do conteúdo.

### Temas Principais

1. **Solidão e Desespero**: O verso "De breu está o céu, não há quem chamar" abre o poema com uma imagem poderosa de escuridão e isolamento. A ausência de estrelas e de um "farol, luzeiro luzente" reforça a sensação de desamparo.

2. **Silêncio e Reflexão**: A ideia de "riso e pranto num silêncio crescente" ilustra um conflito emocional, onde as emoções se entrelaçam em um estado de estagnação. Este silêncio pode sugerir uma falta de comunicação e conexão.

3. **Perda e Partida**: A frase "Uma a uma vão-se partindo as cordas" transmite a ideia de perda e a fragilidade dos laços que nos conectam à vida. As "cordas" podem ser interpretadas como nossos relacionamentos, esperanças e objetivos, todos se desintegrando lentamente.

4. **Imagens de Navegação e Movimento**: O uso de metáforas relacionadas a navegação ("sem rio, nave ou ponte") sugere uma busca por direção e propósito. A falta de uma "calha" para o rio indica que não há mais um caminho claro a seguir, aumentando a sensação de incerteza.

5. **Brusquidão da Existência**: A expressão "com tanta brusquidão" transmite uma dinâmica de vida que ocorre de forma abrupta e descontrolada. Isso pode refletir a experiência da vida como algo rápido demais, que se esvai sem que sejamos capazes de controlá-la.

### Conclusão
O poema evoca um forte senso de melancolia, solidão e reflexão sobre a fragilidade da vida e dos laços humanos. A escuridão do céu representa não apenas a falta de esperança, mas também a dificuldade de encontrar um caminho claro em momentos de crise. A linguagem é rica em imagens evocativas e sugere um estado emocional profundo, ressoando com a experiência humana universal de luta e perda. Se você gostaria de discutir mais aspectos do poema ou explorar temas específicos, sinta-se à vontade para perguntar!

É a guerra o monstro que ceifa a vida

É a guerra o monstro que ceifa a vida

Ruína as casas, viola a criança;

Velhos, novos, não fogem à matança,

No campo a seara é já perdida.

 

O fogo e a peste, em grande corrida,

Afastam do burgo a bela festança;

O mal, a vida e natureza alcança.

Só dos loucos pode ela ser querida.

 

Homens, mulheres, crianças, lutam

Por outro mundo novo construir;

Cantam rouxinóis, bem alto voam águias.

 

Na verde planura os cordeiros vivam;

Na festa, na eira, todos a bailar,

P'la paz lutando, sem demagogias.

 Setúbal 1989.09.06 

O poema "É a guerra o monstro que ceifa a vida" aborda de forma contundente os horrores da guerra e suas consequências devastadoras para a sociedade e a natureza. Vamos analisar os principais elementos e temáticas presentes na obra:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema é estruturado como um soneto, com 14 versos organizados em duas quadras e dois tercetos, seguindo uma métrica regular. Essa forma clássica contribui para a musicalidade do texto, contrastando com a gravidade do tema abordado.

### Temas Principais 1. **A Guerra como Monstro**: O início do poema apresenta a guerra como um "monstro" que "ceifa a vida", imediatamente personificando a guerra como uma força destrutiva e implacável. Isso estabelece um tom de condenação e tristeza.
2. **Destruição e Desolação**: As imagens de "ruína as casas" e "viola a criança" evocam o impacto direto da guerra sobre as vidas inocentes e sobre a infraestrutura social. Essa destruição não faz distinção entre idades, afetando "velhos, novos", o que sugere a devastação indiscriminada causada pelo conflito.
3. **A Ausência de Alegria**: O verso "O fogo e a peste, em grande corrida" indica que as calamidades da guerra afastam o que é belo e festivo da vida cotidiana. A "bela festança" é substituída por dor e sofrimento, refletindo a perda da dignidade humana em tempos de conflito.
4. **Apelo à Paz**: No terceto, a imagem de "homens, mulheres, crianças, lutam / Por outro mundo novo construir" sugere uma esperança e uma aspiração coletiva por um futuro melhor. A luta pela paz e pela reconstrução é apresentada como algo nobre, uma contraposição à guerra.
O poema condensa um poderoso apelo contra a guerra, utilizando uma linguagem evocativa para transmitir a dor provocada por ela e a esperança de uma paz duradoura. A estrutura clássica do soneto contrasta com a gravidade do tema, destacando a universalidade da experiência humana em tempos de conflito. A mensagem de luta pela paz e pelo amor à vida ressoa com a necessidade atual de reflexão sobre as consequências da guerra. Se você gostaria de discutir algo mais específico sobre o poema ou explorar outros temas relacionados, sinta-se à vontade para perguntar!

5. **Imagens da Natureza**: As referências a "rouxinóis", "águias", "cordeiros" e a "verde planura" criam um contraste com as imagens de guerra e destruição. A presença da natureza simboliza a esperança e a vitalidade que podem renascer após o sofrimento. A paz é associada a uma celebração da vida e à harmonia.
6. **Crítica Social**: A menção a "sem demagogias" sugere uma crítica à manipulação política e à hipocrisia que frequentemente acompanha a retórica de guerra e paz, enfatizando a necessidade de um compromisso genuíno e sincero com a construção de um mundo melhor.

O MUNDO É COMPOSTO DE FAZENDA E MUDANÇA

 Cada um de nós é só ele próprio

E a sua boa ou má circunstância,

Procurando em tudo uma substância,

Com arte ou não, o alfa milenário.

 

Há na terra quem faça santuário

Do sentir ou razão, em abundãncia;

Mas é do cacau terna a fragância

Do fado ter um bom ou mau solário.

 

O tempo bem diz que é tudo ilusão;

O amor, doçura, felicidade,

Em lixo ou pó substanciando.

 

Honra, beleza, sentir, no caixão;

Erramos, pelo campo ou na cidade,

No mundo, bem ou mal, vagueando.

  Pinhal Novo 1989.09.10

O poema "O MUNDO É COMPOSTO DE FAZENDA E MUDANÇA" reflete sobre a natureza humana, as circunstâncias da vida e as ilusões que permeiam a experiência de viver. Vamos analisar os principais versos e temas presentes neste poema:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema é estruturado como um soneto, composto por 14 versos dispostos em duas quadras e dois tercetos, com uma métrica regular. Essa forma clássica proporciona uma musicalidade que contrasta com as reflexões profundas que o conteúdo oferece.

### Temas Principais
1. **Individualidade e Circunstância**: Nos primeiros versos, "Cada um de nós é só ele próprio / E a sua boa ou má circunstância", o eu lírico estabelece que a identidade e a experiência de vida de cada pessoa são moldadas pelas suas circunstâncias, sejam elas favoráveis ou desfavoráveis. Essa ideia sugere a singularidade de cada ser humano.
2. **Busca pela Substância**: O desejo de "procurar em tudo uma substância" reflete a busca intrínseca do ser humano por significado e compreensão do mundo ao seu redor, seja através da arte, da razão ou de sensações. Isso pode evocar a ideia de que a vida é um mosaico de experiências que buscamos entender e apreciar.
3. **Dualidade do Sentir**: A menção ao "cacau" e ao "fado" no contexto da fragância e solário sugere que as experiências humanas são complexas e multifacetadas. O "fado", enquanto expressão musical, é tradicionalmente ligado à melancolia, enquanto o "cacau" pode simbolizar doçura e prazer, refletindo a dualidade dos sentimentos que vivemos.
4. **Ilusão e Realidade**: O verso "O tempo bem diz que é tudo ilusão" sublinha a efemeridade do que consideramos feliz ou significativo. O eu lírico sugere que tanto o amor quanto a felicidade podem ser passageiros, mesmo que intensos.
5. **Reflexão sobre a Vida e a Morte**: Nos tercetos, há uma meditação sobre a honra, beleza e sentimentos que "no caixão" indicam a transitoriedade da vida e como tudo pode ser reduzido a nada, uma vez que a morte chega. Isso provoca uma reflexão sobre a futilidade e fragilidade das coisas que valorizamos.
### Conclusão
6. **Ambiente Urbano e Rural**: A conclusão "Erramos, pelo campo ou na cidade, / No mundo, bem ou mal, vagueando" sugere que, independentemente do ambiente em que estamos, a jornada da vida é repleta de incertezas e erros. O uso de "campo" e "cidade" simboliza a diversidade das experiências humanas.
O poema oferece uma profunda meditação sobre a vida, a busca por significado, a transitoriedade das experiências humanas e a dualidade dos sentimentos. A linguagem rica e as imagens evocativas convidam o leitor a refletir sobre suas próprias circunstâncias e a natureza da existência. Se houver algo mais que você gostaria de explorar ou discutir sobre o poema ou seus temas, sinta-se à vontade para perguntar!

Rico ou pobre estão sem paz, na guerra

 Rico ou pobre estão sem paz, na guerra.

Na vida esta é a lei dos contrários,

Em tudo havendo tom, matizes vários,

Variando a qualidade na terra.

 

Há quem mal entenda, por isso berra,

Não sabendo como dar volta ao fadário,

Roubando-se assim o operário

Do profundo vale ao cimo da serra.

 

É preciso bem unir cem mil forças

Para um mundo novo construir,

Onde haja gosto e felicidade.

 

Haverá tempo do leão e corça

Andarem juntos, em paz, a sorrir,

Sem ódio ou pressão, com liberdade?

 Setúbal 1989.09.08


O poema "Rico ou pobre estão sem paz, na guerra" aborda as tensões sociais e a busca pela paz em um mundo caracterizado por desigualdades. Vamos analisar os principais elementos e temáticas presentes na obra:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema está estruturado como um soneto, com 14 versos dispostos em duas quadras e dois tercetos, seguindo uma métrica regular. Essa forma clássica confere ao poema uma musicalidade e um ritmo que atraem o leitor, ao mesmo tempo que contrasta com a gravidade do tema.

### Temas Principais

1. **Desigualdade e Conflito**: O verso "Rico ou pobre estão sem paz, na guerra" introduz a ideia de que tanto os ricos quanto os pobres sofrem em tempos de conflito. Essa afirmação reflete a universalidade do sofrimento causado pela guerra, independentemente da condição social.

2. **Contrastes e Dualidade**: O conceito de "lei dos contrários" sugere que a vida é marcada por opostos e contrastes, e que a experiência humana é rica em matizes. Essa ideia é reforçada pela menção a "tom, matizes vários", que reflete a complexidade das experiências e das emoções humanas.

3. **Ignorância e Luta**: O verso "Há quem mal entenda, por isso berra" indica que a ignorância pode levar à confusão e à luta. A expressão "roubando-se assim o operário" sugere que a exploração e a opressão devem ser contestadas, e evidencia a dicotomia entre as classes sociais.

4. **Construção da Paz**: A ideia de "unir cem mil forças" para "um mundo novo construir" revela a necessidade de união e solidariedade entre as pessoas na luta por um mundo mais justo e pacífico. A mensagem é uma convocação à ação coletiva para superar as divisões sociais.

5. **Visão de um Futuro Harmonioso**: Nos tercetos, a imagem do "leão e corça" andando juntos em paz sugere uma utopia em que a harmonia e o respeito mútuo prevalecem. Essa visão idealizada do futuro, onde não há ódio ou pressão, representa um anseio por liberdade e felicidade.

### Conclusão
O poema apresenta uma reflexão poderosa sobre as consequências da guerra e a necessidade de construir um mundo mais justo e harmonioso. Através de uma linguagem rica e evocatória, ele convida o leitor a contemplar as tensões sociais e a importância da solidariedade na construção da paz. Se você tiver perguntas adicionais ou gostaria de discutir outro aspecto do poema, fique à vontade!

CAMINHANDO INTERROGATIVAMENTE

Caminhando o caminho, bem ou mal,

Partindo a derrota que seguirei,

Em busca daquilo que serei

Usando faladura em areal.

 

É razão instinto de animal?

Acordado pe(r)di o que sonhei?

Como águia ou pardal não voei

Atolado em verde lamaçal?

 

Como posso dormir ficando desperto?

Onde vivem o amor e o ódio?

Como fazer a paz estando em fera guerra?

 

Como afastar do mundo o mar, deserto,

Afastando a dormideira do ópio?

Caminho em busca do sol na terra!

Setúbal 1989.09.12

O poema "Caminhando Interrogativamente" apresenta uma exploração profunda e instigante das questões existenciais, do conflito interior e da busca por significado na vida. Vamos analisar alguns dos principais elementos e temas presentes nesta obra:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema é estruturado de maneira semelhante a um soneto, composto por 14 versos e organizado em quatro estrofes — duas quadras e dois tercetos. Essa forma poética tradicional confere um ritmo que contrasta com a natureza introspectiva e interrogativa do texto.

### Temas Principais 1. **Caminho da Vida**: O título já sugere uma jornada, e a repetição de "caminhando o caminho" reforça a ideia de uma busca contínua e de deslocamento ao longo da vida, independentemente das dificuldades encontradas. A menção a "derrota" indica que essa jornada pode não ser fácil. 2. **Busca por Identidade**: A expressão "Em busca daquilo que serei" reflete uma temática central do poema: a busca pela própria identidade e pelas razões que moldam quem somos. Essa exploração é feita em um contexto de incerteza, levando a questionamentos sobre o futuro. 3. **Ambivalência do Ser**: O eu lírico se pergunta "É razão instinto de animal?", o que indica uma reflexão sobre a natureza humana, suas instintos e raciocínios. A dicotomia entre o que é instintivo e o que é racional sugere uma tensão interna na busca por compreender a própria essência. 4. **Contraste entre Sonhos e Realidade**: A linha “Acordado pe(r)di o que sonhei” sugere uma luta entre a realidade e as aspirações. O uso de “atolado em verde lamaçal” evoca uma sensação de estagnação ou imobilidade, onde o eu lírico se sente preso entre seus sonhos e a vida real. 5. **Questões Existenciais**: O eu lírico faz questionamentos profundos como “Como posso dormir ficando desperto?” e “Onde vivem o amor e o ódio?”. Esses versos refletem uma busca por respostas para dilemas emocionais e existenciais, enfatizando a complexidade das emoções humanas. 6. **Conflitos e Desejo de Paz**: A passagem "Como fazer a paz estando em fera guerra?" capta a luta interna entre a busca pela paz e a realidade conflituosa que muitas vezes encontramos. Isso reflete uma experiência universal de conflito, não só no mundo exterior, mas também no interno. 7. **A Esperança de um Futuro Melhor**: O fechamento do poema com “Caminho em busca do sol na terra!” sugere uma esperança renovadora. A busca pelo "sol" simboliza luz, clareza e um futuro positivo, indicando um desejo de encontrar significado e propósito. ### Conclusão
O poema é uma meditação rica sobre a jornada da vida, a busca por identidade e as tensões internas que todos enfrentamos. Através de um uso habilidoso de imagens e questionamentos, o eu lírico convida o leitor a refletir sobre suas próprias experiências e a busca contínua por compreensão e significado. Se você quiser discutir algum aspecto específico do poema ou explorar outros temas relacionados, sinta-se à vontade para perguntar!

Ser amigo é colorido presente

                              Ser amigo é colorido presente

                               Ao darmos nossa mão, sem maldade,

                               Mantendo a vera luminosidade

                               Do silêncio ou do verbo assente.

 

                               Na tarde calma, serena, luzente,

                               Ou de noite, dia sem claridade,

                               É uma dádiva, felicidade,

                               Esta da vigília ser não dormente.

 

                               Amigos têm vária feição:

                               Dão-nos sua tristeza ou alegria,

                               Compartilhando bons e maus momentos.

 

                               Velho, novo, mulher, homem, bem são;

                               Na estrada e no dia-a-dia

                               Nem sempre atentos, prontos, nos tormentos.

 

Setúbal 1989.09.07 / 1989.12.22

O poema "Ser amigo é colorido presente" explora a profundidade da amizade e as suas manifestações na vida cotidiana. Através de uma linguagem sensível e evocativa, o autor reflete sobre o valor e a importância das relações interpessoais. Vamos analisar os principais elementos e temas presentes neste poema:

### Estrutura e Forma
1. **Soneto**: O poema é um soneto composto por 14 versos, organizado em duas quadras e dois tercetos, seguindo uma métrica regular. A estrutura clássica do soneto contribui para a musicalidade e a cadência do texto, enriquecendo a experiência de leitura.

### Temas Principais 1. **A Amizade como Presente**: O título já estabelece uma comparação clara ao descrever a amizade como um “colorido presente”. Essa metáfora sugere que a amizade é um presente valioso, que enriquece a vida e a torna mais vibrante e significativa. 2. **Desinteresse e Luminosidade**: A ideia de "dar nossa mão, sem maldade" enfatiza a genuinidade e a pureza da amizade. A “vera luminosidade” pode ser interpretada como a luz que emana do amor e da compreensão entre amigos, seja no silêncio ou na comunicação aberta. 3. **Momentos de Calma e Conflito**: As referências a "tarde calma" e "noite, dia sem claridade" sugerem que a amizade é um suporte constante, independentemente das circunstâncias. Em momentos de tranquilidade ou de dificuldade, a presença de amigos é uma dádiva que pode trazer felicidade e conforto.
4. **Compartilhamento de Emoções**: A linha "Amigos têm vária feição" indica que a amizade não é homogênea; ela pode manifestar-se de diversas maneiras. O ato de "compartilhar bons e maus momentos" destaca a profundidade dessa conexão — amigos estão presentes em alegrias e tristezas, aumentando a força dos laços emocionais.
5. **Diversidade nas Relações**: O verso "Velho, novo, mulher, homem, bem são" reflete a inclusividade da amizade, mostrando que ela transcende gerações e gêneros. A amizade é uma experiência comum e universal, independentemente de diferenças superficiais.
6. **Imperfeições e Desatenção**: A frase "Nem sempre atentos, prontos, nos tormentos" sugere que, embora a amizade seja preciosa, ela não é perfeita. Há momentos em que amigos podem falhar em estarem presentes ou atentos às necessidades uns dos outros, o que é uma realidade nas relações humanas.
### Conclusão
O poema celebra a amizade em suas múltiplas facetas, sublinhando seu valor como uma das experiências mais ricas da vida. Através de uma linguagem poética e reflexiva, o autor convida os leitores a contemplar a importância desses laços afetivos e o papel que eles desempenham em momentos de alegria e de dor. É uma exaltação da amizade como um dos maiores presentes que podemos dar e receber ao longo da vida. Se você tiver mais perguntas ou quiser discutir algum aspecto específico do poema, sinta-se à vontade!

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